quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O papel dos pais na prevenção das drogas


O nosso dia a dia tem nos aproximado da realidade de muitos lares da nossa cidade de Santa Fé do Sul e região. Lares em que falta dinheiro, falta comida, falta amor, falta respeito, falta dignidade, mas muitas vezes não faltam as drogas.
Diante disso é importante considerar que as drogas são substâncias, não produzidas pelo organismo, que possuem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações no seu funcionamento e, em diversos casos, fazendo com que a pessoa tome certas atitudes que se arrependa depois de algum tempo.
Quando falamos sobre as drogas que encontramos nos lares destas pessoas, estamos tratando não apenas daquelas consideradas ilícitas (proibidas), como a maconha, o crack, a cocaína, o LSD, o ecstasy, etc, mas também das drogas chamadas lícitas (permitidas), como por exemplo, o cigarro, o álcool e medicamentos.
Para se tornar um dependente químico (que alguns chamam de viciado em drogas) basta inicialmente experimentar. Normalmente a criança ou adolescente experimenta, passa a utilizar a droga em determinados períodos e sem que perceba, em pouco tempo, não consegue mais viver sem consumir drogas.
O mais triste é que na maioria dos casos os “amigos” ou outras pessoas próximas do dependente que lhe convencem a experimentar. Em pouco tempo ele se torna um escravo do vício e perde tudo que tem pela droga.
Sempre lembramos aos jovens que o caminho de um dependente químico costuma ser o hospital psiquiátrico, a penitenciária ou cemitério, pois estes são os únicos caminhos para aquele que não consegue deixar o vício.
Diante destes fatos, os pais têm um dever muito importante no sentido de orientar seus filhos, divulgar os efeitos maléficos das drogas e observar a rotina do filho.
Nada disso tem sentido se o diálogo entre pais e filhos não for muito franco e legítimo. Falo em legítimo tendo em vista que os pais além de conversarem bastante com os filhos devem dar exemplos, devem mostrar que suas ações são semelhantes as suas palavras, devem demonstrar que elas são reflexo do que eles fazem. Pouco adianta os pais cobrarem uma postura correta dos filhos se na sua vida privada não agem de acordo com o que dizem.
Quem não imagina uma pessoa que recebe troco acima do que deveria receber e não devolve, que faz questão de furtar pequenos objetos, que tem orgulho de agir levando vantagem sobre outras pessoas, que se acha um espertalhão e que seu filho vendo os exemplos de falta de caráter se torna um criminoso ou uma pessoa também sem caráter.
Todo filho vê no pai a sua referência, o seu porto seguro, o seu exemplo, por isso muitas vezes pais usuários de drogas têm mais chances de seus filhos também se tornarem dependentes. Além disso, algumas drogas fazem com que os filhos nasçam com predisposição genética para o consumo de drogas.
Apesar desse problema da predisposição genética é necessário lembrar que todas as pessoas têm livre arbítrio, ou seja, todos agimos de acordo com nossos desejos e recebemos as conseqüências dos nossos atos.
Experimentar ou não uma droga é uma decisão que tem que ser tomada pelo indivíduo, que deve levar em consideração as conseqüências e nada como visitar uma clínica de recuperação de dependentes químicos para ter um exemplo de como as drogas são capazes de destruir a dignidade da pessoa, dissolver famílias e fazer com que o dependente mergulhe em um poço, cada vez mais profundo, chamado vício, que sem dúvida alguma proporcionará muito sofrimento e tristeza para o dependente e, acima de tudo, para as pessoas que nutrem amor e carinho por ele.
É notório que muitas destas pessoas em tratamento nestas clínicas conseguem deixar a dependência, mas infelizmente para isso são submetidos a muito sofrimento e a todo momento necessitam renovar o desejo de não ter uma recaída, o que não é fácil.
Você que é pai ou mãe deve fazer a sua parte, converse com seu filho, seja amigo(a), exija que ele seja uma boa pessoa, mas também nunca se esqueça de manter um diálogo franco e legítimo, além de ser um bom exemplo, para que um dia ele tenha orgulho de ser uma pessoa com os mesmos predicados do que você.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: www.higorjorge.com.br

O crack e os seus malefícios para a sociedade

30/09/2010
Por Archimedes Marques
 
Os fatos criminosos em todas as partes e em todos os lugares do país, as desagradáveis conseqüências na área policial, educacional, saúde, social e familiar e o degredo causado pelo crack, comprovam que essa droga trouxe malefícios sem precedências para a nossa sociedade. O crack mata os sonhos das pessoas, aniquila o futuro de tantas outras e aumenta a criminalidade em todo canto que se instala.

De poder sobrenatural, o crack sempre vicia a pessoa quando do seu primeiro experimento e o que vem depois é a tragédia certa. A partir de então a sua nova vítima está condenada a engrossar as fileiras de um gigantesco e crescente exército de dependentes químicos da droga que, em conseqüência passa também a matar e morrer pelo crack.
O crack além de trazer a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna.

Faz parte da fórmula absurda do crack que nasceu da borra da cocaína, a amônia, o ácido sulfúrico, o querosene e a cal virgem, produtos altamente nocivos à saúde humana, que ao serem misturados e manipulados se transformam numa pasta endurecida de cor branca caramelizada, que passou a ser conhecida pelos mais entendidos, com toda razão, como sendo a pedra da morte.
Como os efeitos excitantes do crack têm curta duração, o seu usuário faz dele uso com muita freqüência e a sua vida passa a ser somente em função da droga.

Em virtude do dependente do crack pertencer em grande maioria à classe pobre ou média da nossa sociedade e assim não dispor de dinheiro para manter o seu vício, então passa ele a prostituir-se em troca da pedra ou de qualquer migalha em dinheiro, a se desfazer de todos os seus pertences e a cometer furtos em casa dos seus pais, dos seus parentes, dos seus amigos ou noutros lugares quaisquer, para daí  logo passar a praticar assaltos, seqüestros e latrocínios, sem contar que também fica nas mãos dos traficantes para cometer homicídios ou demais crimes que lhes for acertado em troca do crack.

Assim, o usuário do crack vende seu corpo, sua alma, seus sonhos para viver em eterno pesadelo.
Na trajetória inglória e desprezível do crack, o seu usuário encontra o desencanto, a dor, a violência, o crime, a cadeia, a desgraça ou o cemitério. O crack traz o ápice da insanidade humana. Alguns que se recuperaram do poder aniquilador do crack disseram que dele sentiram o gosto do inferno.

Concluímos então que o perfil da sociedade se transformou e os problemas da segurança pública mudaram consideravelmente para pior a partir do advento do crack. Aumentaram-se todos os índices de crimes possíveis por conta do crack. Em decorrência do crack também passou a morrer precocemente uma imensidão incontável de pessoas, destarte para os jovens que mais se lançam neste lamaçal. Os seus usuários em grande maioria se transformam em pessoas violentas e, com armas em mãos são responsáveis por mortandade em suicídios, assassinatos dos seus familiares e amigos, homicídios pelo tráfico, para o tráfico ou ainda mortes relacionadas às pessoas inocentes em roubos, nos chamados crimes de latrocínios.

É preciso que as políticas públicas contra o crack, além de promover bons projetos preventivos, repressivos e curativos, considerem os vários aspectos que envolvem os seus dependentes químicos e suas conseqüências, como a conscientização da população voltada para o drama pessoal vivido pelos mesmos e por aqueles que o cercam, as dificuldades de bem vigiar todas as fronteiras como melhor forma de prevenção de evitar a entrada da sua pasta base, as carências das entidades assistenciais e de saúde, assim como da necessidade de recursos para os aparatos policiais, destarte, para a valoração profissional dos seus membros no sentido de melhor combater o trafico, o traficante e o chamado crime organizado que é a fonte de alimentação da droga.

Evidente é que o crack é caso de Polícia, mas é também problema de todos nós e, na medida em que por sua culpa são gerados tantos crimes e disfunções sociais, cresce ainda mais a responsabilidade da própria sociedade e do poder público, principalmente para ser tratado em larga escala como caso de saúde pública.

Archimedes Marques é Delegado de Policia, pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe.
Contato: archimedes-marques@bol.com.br

Dissidência no tráfico de drogas gera campanha e guerra contra o crack

22/02/2010
Por Archimedes Marques
O povo assiste atônito as conseqüências nefastas advindas do crack, a chamada “droga do século”, que chegou para arruinar a vida de muitos, piorar ainda mais a vida de toda a sociedade brasileira e agora até em contrariedade aos interesses de vários traficantes de drogas que em mudança de opinião, em discordância ao seu comércio já fazem campanha e iniciam guerra  contra o seu uso.
Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policias diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências funestas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.
A composição química do crack é simplesmente horripilante e estarrecedora. A partir da pasta base das folhas da coca acrescentam-se outros produtos altamente nocivos a qualquer ser vivo, tais como o ácido sulfúrico, querosene, gasolina ou solvente e a cal virgem, que ao serem processados e misturados se transforma numa pasta endurecida homogênea de cor branco caramelizada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína, ou seja, meio à meio cocaína com os outros produtos citados.  
O seu usuário pode ter convulsão e como conseqüência desse fato, pode levá-lo a uma parada respiratória, coma ou parada cardíaca. Além disso, para o debilitado e esquelético sobrevivente seu declínio físico é devastador, como infarto, dano cerebral, doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), câncer de garganta, além da perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do crack assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição.
O crack é tão perigoso quanto degradante e mortal que até o próprio traficante dele não faz uso e agora já começa a repensar o seu comercio.
Recentemente o jornalista e cientista político SEGADAS VIANA, escreveu sobre a questão de um ponto do tráfico do Rio de Janeiro estar fazendo campanha contra o crack. São trechos básicos da matéria jornalística denominada Tráfico veta copinho pra acabar com crackudo vacilão: “Salve um crackudo... Rasgue o copo”. As palavras, escritas em um cartaz ao lado da foto de três jovens fumando crack e da imagem de um copo de plástico, fazem parte de uma campanha para tentar dificultar o uso da droga. Como os usuários preferencialmente utilizam copinhos de guaraná natural, a idéia é convencer os fãs da bebida a rasgá-los antes de jogá-los fora.
Mais inusitado que a campanha é o local em que ela tem sido feita: o cartaz foi encontrado durante uma incursão policial no Morro do Pavão, em Copacabana, na zona sul do Rio. Ele estava colado em uma das bocas-de-fumo controladas por traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), na principal entrada da favela.
Abaixo do “slogan da campanha”, um texto expõe motivos para conquistar adeptos:  “Pow mano, ta ligado que o bagulho ta ficando sinistro em todas as favelas do Rio de Janeiro, né? Aonde vc passa tem um menozinho correndo igual doido com as calças caídas, descalços. Que vergonha. Ou então vê uma mina toda ruim, toda torta, toda magrela. (...)”
Mas o cartaz não é a única bandeira na tentativa de desestimular o uso do crack. Um funk batizado como “Crackudo vacilão” tem sido tocado nos bailes realizados nos morros e favelas. A letra da música diz: “Pedra pura, deixa a gente no maior tédio / Vendendo a roupa do corpo / E a janela do prédio / Mas depois triste num canto sozinho / lembra que se derramou / a madrugada num copinho / aí vem o desespero / tô com maior cabelão / eu vendi a geladeira, a tv e o fogão / aí vem o desespero / tô com maior cabelão / eu vendi a porra toda, eu sou um crackudo vacilão” (…)
Em outra matéria jornalística, desta feita no Rio Grande do Sul, publicada no Jornal Zero Hora, dia 19/11/2009, o jornalista HUMBERTO TREZZI assim discorreu em parágrafo basilar do seu artigo denominado Traficantes vetam crack em Santa Cruz: “A quadrilha que domina a venda de drogas no bairro mais populoso de Santa Cruz do Sul decretou: não vai vender mais crack. Além disso, anunciou “represálias severas” a quem comercializar a droga na sua área de atuação... venderão os estoques. Depois, vai vigorar a pena do submundo contra quem violar a regra – que pode incluir morte.”
Segundo o jornalista, o recado foi repassado em uma reunião em que fizeram parte aproximadamente cem pessoas na associação de moradores do bairro Bom Jesus e confirmado por repórteres do Jornal Gazeta do Sul.
Tais campanhas realistas do tráfico contra o crack demonstram a preocupação dos traficantes quanto a perda substancial dos seus compradores ou consumidores que logo morrem em decorrência da ação devastadora da droga, ou seja, estão perdendo mercado porque estão matando seus próprios clientes, com isso há a diminuição de lucro e em conseqüência do fato, também resta enfraquecido o comercio das outras drogas, daí a motivação desta suposta boa ação que estão a praticar para a sociedade.
É fato realmente inusitado: traficantes em campanha e em início de batalha mortal não pela disputa de território, mas pela tentativa desesperada de conter o avanço dos malefícios do crack que muitos teimam em reproduzir.
É de bom alvitre alinhavar que campanhas legais e vitoriosas como CRACK NEM PENSAR, DROGA MATA, ANTI DROGAS, A DROGA DA MORTE, A PEDRA DA MORTE, MONTENEGRO CONTRA O CRACK, dentre outros que arrastam adeptos importantes e adorados pelo povo como artistas, atletas, cantores ou demais celebridades, formadores de opinião pública, somados ao combate incansável efetuado pela força pública através da Policia, tem sido de suma importância na prevenção, repressão ou na recuperação de drogados, fazendo com que aumente ainda mais a frustração dos traficantes.
Assim, nesta nova modalidade de guerra do tráfico de drogas, que pode ser batizada de guerra do crack, vez que supostamente o comando vermelho já tomou partido, pode haver o aumento da dissidência e como conseqüência, uma grande quantidade de mortes.

Archimedes Marques é Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS.Contato: archimedesmarques@infonet.com.br, archimedes-marques@bol.com.br, archimedesmelo@bol.com.br.

A despenalização e a descriminalização das drogas

29/07/2010
Por Antonio Edison Francelin

Sobre a liberação das drogas, deixemos nossos pensamentos fluírem no terreno da fantasia. Imaginemos através da legalização, autorizado e financiado por órgão estatal o cultivo da “maconha - cannabis sativa L”, conhecida também, por “cânhamo ou marijuana”, cujo componente ativo é o tetraidrocanabinol. A preparação do local, a terra sendo arada, a semeadura, a germinação, os cuidados necessários à retirada das ervas daninhas, a orientação dos agrônomos, criação de cooperativas, etc. Será que haverá a necessidade de utilização de agrotóxicos? A colheita, o acondicionamento, o carregamento, o transporte, às feiras, sacolões e mercados, onde deverá ser exposto à venda o produto “in natura”, para a elaboração de chás, da tarde, da noite, das madrugadas. Existem adágios populares “ se a maconha  fosse boa fazia-se  chá, “ se droga fosse bom, não teria essa denominação “.Jamais ouvi alguém dizer que tivesse feito chá. Mas, experimentar será possível, caso seja  legalizado, liberado, melhor dizendo, dominado.
Essa substância processada (desidratada), poderá ser encontrada nas farmácias, drogarias e estabelecimentos clandestinos, pronta para a aquisição livre dos interessados (usuários, experimentadores, viciados ou dependentes), cujo prazer nada mais é que dar aquela “ fumada “. Aquisição à céu aberto, podendo ser utilizada para consumo próprio ou nas festas (raves, luais, aniversários, casamentos, natal, ano novo, reuniões diversas etc.), nos salões de festas, nas residências, nas escolas, nas vias públicas, afrontando a polícia, pois esta nada poderá fazer, tendo em vista, a  legalização. Para àqueles que tem condições financeira  será  fácil a aquisição, e a massa de usuários que carecem do poder aquisitivo, os  viciados e dependentes que não tem dinheiro para a compra da droga.
Nessa condição, se não faziam  ainda,  passarão à  prática  de infrações  penais (furtos, roubos, apropriação indébita, estelionatos etc.), agora fazendo parte do rol da criminalidade, portanto, tornando-se um marginal. Utopia e infantilidade, o   pensamento de que desaparecerá a figura do traficante, ledo engano,   cotejando, haverá o mercado paralelo, continuando “ tudo como dantes no quartel d’Abrantes “, realmente uma quimera, e a sociedade ordeira e de bem, como ficaria ? Que se dane ! Nesse contexto, da euforia drogável de forma legal, haverá o recrudescimento da violência, agressividade, conflitos, desentendimentos, a balbúrdia, etc., promovido pelos aficionados e alucinados das drogas, aumentando o contingente de doentes mentais. Diante desse quadro, dando asas à imaginação, a segurança, a incolumidade que já deixa a desejar, será menos ainda, pois não será aconselhável pessoas de bem, saírem nas vias públicas e ficarem a mercê desses desvairados. Procurando sair desse mundo fictício, uma péssima situação, com gravíssimos reflexos no setor da segurança e da saúde, e retornando ao mundo real, vemos que teríamos um verdadeiro retrocesso, o declínio, uma involução para a sociedade de bem.

Antonio Edison Francelin é Delegado de Polícia.
Contato: francelin@ig.com.br

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As drogas e o seu enfrentamento pró-ativo


Há alguns anos quando se falava sobre o problema das drogas pensávamos em algo distante e que nunca nos atingiria. As drogas faziam parte do cotidiano apenas de certos bairros das grandes cidades.

Infelizmente as coisas mudaram, as drogas passaram a nos preocupar de uma forma cada vez mais intensa e esse problema tem atingido direta ou indiretamente todos os indivíduos, seja o dependente, sejam seus familiares, amigos e vizinhos em todo o Brasil.

Estima-se que existam no Brasil 1,26 milhões de dependentes em crack, incluindo crianças, adolescentes, adultos e idosos.

Para enfrentar esse problema é muito importante uma atuação conjunta de órgãos governamentais e comunidade visando à prevenção e combate eficiente as drogas, bem como um tratamento que realmente consiga manter o dependente longe de recaídas e que seja reinserido na sociedade.

A prevenção deve ser permanente e principalmente direcionada a expor para as crianças e adolescentes os malefícios proporcionados pelas drogas. Os jovens devem ter a dimensão de que todas as drogas, sejam lícitas ou ilícitas, proporcionam uma falsa sensação de prazer. Esse prazer com o tempo vai se transformando em dor, na mesma medida que o usuário que até então gozava da liberdade para consumir drogas vai se tornando um escravo do vício. Os adultos também devem ter noção das consequências negativas que as drogas proporcionarão para suas vidas.

É necessário também que os órgãos incumbidos de preservar a segurança pública e por consequência de enfrentar o tráfico de drogas sejam adequadamente valorizados. Essa valorização possui diversos aspectos, dentre eles a expectativa de progressão na carreira, respeito dos superiores e também são necessários salários condizentes com a dignidade e responsabilidade do policial. Também é necessário que a Polícia Civil, a Polícia Militar e os outros órgãos atuem estritamente desenvolvendo suas atribuições constitucionais. No caso da Polícia Civil no desenvolvimento das suas atividades investigativas e de polícia judiciária e a Polícia Militar nas ações ostensivas e repressivas. Quando se fala sobre a necessária valorização das referidas forças de segurança é primordial destacar também a importância da polícia ter recursos humanos adequados. Percebemos como a falta de um efetivo adequado de policiais prejudica a eficiência do trabalho da polícia, bem como se torna muitas vezes um fator determinante da impunidade. A falta de policiais muitas vezes é proporcional ao número de crimes.

Outro aspecto relevante diz respeito ao tratamento dos dependentes de drogas. Temos notado o esforço de muitas pessoas e de suas famílias para sair dessa prisão que representa o vício, contudo a mera força de vontade em boa parte das vezes não é suficiente para que a pessoa consiga voltar a ter uma vida longe das drogas.

O tratamento básico deve ser acompanhado por uma equipe interdisciplinar composta por psicólogo, psiquiatra, enfermeiro, terapeuta ocupacional, assistente social e outros profissionais, principalmente da área da saúde.

Lembrando sempre em ações intersetoriais, pois somente com o envolvimento e o fortalecimento de todos os seguimentos da sociedade que poderemos estruturar as políticas publicas para o tratamento e prevenção de álcool e drogas.

Vários programas já são desenvolvidos em algumas regiões do Estado, com isso, o que buscamos é o envolvimento político para que tais ações também possam ser ampliadas para município de pequeno porte, como o trabalho do CAPS – AD que é desenvolvido em grandes centros, deixando municípios de pequeno porte sem um atendimento de qualidade para o dependente químico e também o trabalho com a prevenção que vem ganhando força, suscitando profissionais capacitados para lidar com a prevenção das drogas, com isso, prevenir que o individuo adoeça evitaria o crescimento exacerbado de usuários de drogas, violência que levaria ao enfraquecimento do trafico.

O CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), tem por oferecer um atendimento na área da saúde mental mais especializado para dependentes químicos, também deve ser disseminado para outras cidades, não apenas para municípios com mais de 70 mil habitantes. O mesmo ocorre com os CREAS (Centros de Referência Especializada em Assistência Social) que deve também ser expandido para municípios com menores populações.

O CRATOD (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), que dá capacitação para profissionais da área da saúde para a prevenção e tratamento da dependência química, deve também ter suas atividades expandidas por todo o Estado de São Paulo.

E o programa PAI-PAD (Programa de Ações Integradas para a Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade), iniciado no ano de 1999, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, com a finalidade de desenvolver estratégias e ações voltadas para a prevenção e atenção aos problemas causados pelo uso de álcool e drogas. Dentre as principais atividades realizadas nesse programa consta a distribuição de material didático e treinamento de profissionais da saúde e desenvolvimento de projetos de pesquisa na área. O PAI-PAD foi escolhido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para conduzir a implantação das EDIBs (Estratégias de Diagnóstico e Intervenção Breve para problemas relacionados ao álcool). Seria muito importante que todas as Unidades Básicas de Saúde do Estado de São Paulo tenham em seu corpo de funcionários profissionais treinados pelo PAI-PAD.

O projeto Polícia Civil Comunitária (http://policiacivilcomunitaria.blogspot.com) implantado pela Polícia Civil em diversas localidades do Estado de São Paulo tem realizado diversas atividades com a finalidade de aproximar a polícia e a comunidade, bem como tornar a investigação criminal mais eficaz. Um dos principais enfoques desse importante projeto é o enfrentamento preventivo, repressivo e pró-ativo do consumo e tráfico de drogas.

O projeto Santa Fé Livre do Vício implantando pelo Conselho Municipal Antidrogas da Estância Turística de Santa Fé do Sul (blog: http://comadsantafe.blogspot.com) é uma referência, pois conta com a sinergia de órgãos públicos e de toda a comunidade no desenvolvimento de ações visando incrementar a prevenção, principalmente com as palestras realizadas em toda a região, a repressão, por intermédio da parceria com o projeto Polícia Civil Comunitária e a colaboração com o tratamento e a reinserção social de dependentes químicos da região, que tem sido feito pela Chácara Jerusalém, pelo Lar Madre Paulina, pela Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, pelo Desafio Jovem Peniel, além de outras clínicas espalhadas por outras localidades.

Outro projeto que tem tido efeitos muito positivos em favor da proteção dos jovens contra as drogas é o denominado “Toque de Acolher”, implantado inicialmente em Fernandópolis pelo juiz de direito Evandro Pelarim (http://evandropelarin.blogspot.com) e depois em Ilha Solteira pelo juiz de direito Fernando Antonio de Lima e outras cidades do Brasil.

O referido projeto tem sido muito importante, pois consiste em diversas ações pró-ativas visando evitar que o jovem seja exposto a situações de risco, inclusive estabelecendo horários para que as crianças e adolescentes permaneçam nas ruas, desacompanhados dos responsáveis. Na maioria dos lugares em que foi implantado, esse projeto é conduzido pelo Poder Judiciário e conta com a participação do Ministério Público, Polícia Civil, Conselho Tutelar, Polícia Militar, Guarda Municipal, dentre outros órgãos. Ao pesquisar as estatísticas criminais dos locais cujo projeto encontra-se em andamento percebe-se a diminuição da prática de crimes e a melhoria da qualidade de vida dos jovens.

Pelo exposto podemos concluir que é necessário um trabalho sinérgico que envolva órgãos públicos e comunidade, principalmente por intermédio da participação ativa em ações preventivas, realização de denúncias pelo telefone 197 (Disque Denúncia da Polícia Civil) e colaboração com outras atividades da polícia e com entidades que promovam a recuperação dos dependentes químicos e a consequente reinserção social dos mesmos, como forma de evitar que vidas humanas continuem a ser ceifadas em razão das drogas lícitas e ilícitas, como temos visto diariamente.
Mais informações sobre drogas podem ser obtidas no blog A Ilusão das Drogas (http://ailusaodasdrogas.blogspot.com).




HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: www.higorjorge.com.br




terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cocaína (A ilusão das drogas)

A cocaína é uma droga extraída das folhas de uma planta denominada coca ou epadu (erythroxylon coca) e cultivada nos Andes.
A droga era vendida em farmácias no século XIX como anestésico local e tônico para dar energia, contudo tornou-se ilegal em razão de seus efeitos danosos, pois muitas vezes seus usuários vinham a óbito.
A mídia tem divulgado com freqüência casos de personalidades do meio artístico que se envolvem com a cocaína. No programa Fantástico, transmitido pela Rede Globo no dia 13 de setembro de 2009 foi entrevistado o ator Fábio Assunção que passou por diversos problemas em razão da dependência dessa droga. Ele foi internado em diversas clínicas e muitas vezes abandonou o tratamento. Entrevistado sobre os males proporcionados pelas drogas disse que havia “brincado com algo que não imaginava a dimensão” e que poderia ter tido sérios problemas com a sua vida, sua saúde ou a lei.
A cocaína chega até o consumidor em forma de pó, que é solúvel em água e serve para ser aspirado (inalado) ou dissolvido em água para uso intravenoso (injetado), ou sob a forma de base, o crack, que é pouco solúvel em água, mas que se volatiza quando aquecida e, portanto, é fumada em “cachimbos”.
A cocaína pode ser consumida sob a forma de merla, que é um produto sem refino e muito contaminado com as substâncias utilizadas na extração. A merla pode provocar hemorragia cerebral, alucinações, delírios, convulsão, enfarte cardíaco e morte .
Há também a pasta de coca que é um produto grosseiro, obtido nas primeiras fases da extração da cocaína das folhas da planta quando estas são tratadas com álcali, solvente orgânico como querosene ou gasolina e ácido sulfúrico. Essa pasta contém muitas impurezas tóxicas e é fumada em cigarros chamados “basucos” .
A cocaína torna seu usuário tolerante ao vício, ou seja, cada vez seu organismo precisa de mais droga e também desenvolve a sensibilização, que é o inverso da tolerância, pois alguns efeitos passam a ocorrer mesmo se usar pequenas doses. Normalmente são os efeitos desagradáveis que passam a ser produzidos com pouca quantidade de droga. Assim, o usuário precisa cada vez mais de drogas, porém os efeitos desagradáveis são intensificados, sendo necessário pequenas doses para que ocorram.
COCAÍNA EM PÓ
Normalmente a cocaína é experimentada pela primeira vez em festas, normalmente depois do indivíduo ingerir bebida alcoólica. Com a intenção de se divertir e experimentar novas sensações faz uso da cocaína. O álcool neste caso diminui a censura interna da pessoa e com isso ela aceita experimentar a substância sem se preocupar com as conseqüências.
A pessoa que experimenta a droga recebe uma sensação de poder e passa a enxergar tudo com mais brilho, por isso alguns chamam a droga de “bright” (brilho). O que muitos se esquecem é que com o tempo esse brilho vai se apagando e a pessoa mergulha em um poço cada vez mais profundo, chamado vício, que muitas vezes o leva a morte.
Trata-se de um psicoestimulante com efeito rápido e passageiro que faz a pessoa desejá-la cada vez mais. Quando o efeito da droga termina o usuário passa a sentir uma sensação de mal estar e muitas vezes usa a droga novamente ou outro tipo de droga, como álcool, maconha ou tranqüilizantes.
A pessoa começa a usar cocaína e a freqüência passa a aumentar, de forma que a droga passa a dominar todas suas ações, ele pode até ficar algum tempo sem consumir a cocaína, contudo se ele tiver a oportunidade de consumir a droga, se ele ingerir bebida alcoólica, se ele passar pelos pontos de venda ou encontrar outros usuários ele costuma sentir uma grande compulsão para usar novamente a droga. Com o tempo ele se torna um escravo do vício. Se ele parar de usar a cocaína, nestas situações pode ter uma recaída.
A pessoa viciada em cocaína, independente se for inalar, injetar ou fumar a droga, vai perdendo o controle do seu consumo, se tem dinheiro gasta tudo com a droga, se não tem faz qualquer coisa para adquirir a droga, seja roubar, furtar, matar ou se prostituir. Se ele não possui mais veias para aplicar a cocaína injetável ou tentar esconder as referidas marcas ele aplica em diversas partes de seu corpo, inclusive nas genitálias ou pés. Muitas vezes o viciado em cocaína morre de overdose .
O consumo de cocaína pela via nasal permite que os seus efeitos comecem de 10 a 15 minutos e por intermédio de injeção os efeitos têm início entre 3 a 5 minutos. A duração do efeito da cocaína injetada ou inalada é de 20 a 45 minutos.
O dependente que faz uso de drogas injetáveis muitas vezes compartilha seringas e por isso se contamina por doenças graves como hepatite ou AIDS.
CRACK E MERLA
O crack e a merla não podem ser transformados em pó fino, pois possuem respectivamente os aspectos de pedra e pasta. Em razão disso não podem ser aspirados e por não serem solúveis em água na podem ser injetados. Por isso são aquecidos e fumados e a sua absorção é instantânea por intermédio da via pulmonar. Entre 10 a 15 segundos seus primeiros efeitos ocorrem.
O efeito do crack dura aproximadamente 5 minutos e por durar pouco tempo o usuário passa a voltar a usar a droga logo após o desaparecimento do efeito. O usuário entra em um ritmo nefasto em que consome toda a droga que estiver com ele e gasta todo o dinheiro que tiver para adquirir drogas.
Nestas situações ele é capaz de fazer qualquer coisa para obter mais pedras de crack para usar. Essa compulsão para usar o crack é chamada de “fissura” que é uma vontade incontrolável de sentir os efeitos da droga.
O prazer proporcionado pelo crack e pela merla é muito intenso e muitos o comparam com o orgasmo, contudo após o uso repetitivo dessas drogas o usuário passa a sentir sensações muito desagradáveis, como o cansaço e a intensa depressão.
O usuário tende a repetir a dose com o intento de sentir seus efeitos e essa quantidade cada vez maior de drogas faz com que os usuários passem a ter um comportamento muito violento, irritabilidade e atitudes bizarras em razão do aparecimento da paranóia. Ele pode também ter alucinações e delírios. Esses sintomas reunidos correspondem a “psicose cocaínica”. Também é importante ressaltar que os usuários das drogas oriundas da cocaína perdem o interesse sexual e são acometidos por diversos problemas relacionados com a atividade sexual.
É comum vermos, principalmente nas grandes cidades dependentes do crack com roupas imundas, perambulando pelas ruas feitos mortos-vivos (zumbis), esqueléticos, sem comer, sem tomar banho, totalmente entregues ao vício e caminhando em direção da morte.
A pessoa que usa cocaína pode desenvolver movimentos descoordenados, ranger de dentes e mandíbula, insônia, perda de cuidados pessoais, alucinações e outros comportamentos.
O uso prolongado da cocaína desenvolve em seus consumidores uma síndrome paranóica (sensação de perseguição) exacerbada, vendo inimigos em todos os lugares. Em muitos casos os usuários de cocaína não conseguem comer, nem dormir .
O crack provoca uma síndrome pulmonar aguda e pode provocar enfisema subcutâneo do pescoço e mediastino, necrose da mucosa e laringe. A cocaína cheirada pode provocar a congestão nasal, necrose e perfuração do septo nasal e se injetada ou fumada pode produzir hipertensão arterial, taquicardia, infarto agudo do miocárdio, aneurismas dissecantes da aorta, hemorragias intracranianas, atrofia cerebral, hemorragias cerebrais e crises convulsivas .
Muitos crimes violentos foram praticados em razão da dependência da cocaína. Abaixo consta foto de apreensão de cocaína e de crack.
BIBLIOGRAFIA:
Livreto Informativo sobre Drogas. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID e Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, 2004.
MARLATT, Beatriz Carlini. Drogas: Cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes. Série Por dentro do assunto. Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, Brasília-DF, 2004.
TIBA, Içami. Juventude & drogas: anjos caídos. São Paulo: Integrare, 2007.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário e especialista em polícia comunitária. http://www.higorjorge.com.br/

Informações bibliográficas:
JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Cocaína. Higor Jorge, Santa Fé do Sul, [data]. Disponível em: . Acesso em: [data].

Grupo de auto-ajuda para dependentes químicos e familiares em Santa Fé do Sul-SP


Toda quinta-feira, a partir das 20:00, o Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul (COMAD) em parceria com a Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Cidadania, Associação Anti-Alcoólica (AAA) e curso de enfermagem da FUNEC tem realizado encontros de auto-ajuda com ex dependentes químicos e seus familiares na sede da Associação Anti-Alcoólica.
O presidente do COMAD e delegado de polícia Higor Vinicius Nogueira Jorge disse que considera muito importante a reunião dos grupos de auto-ajuda, pois é uma forma de todos os participantes compartilharem suas experiências, sofrimentos, frustrações, dificuldades, medos e acima de tudo, a esperança de uma vida mais feliz longe das drogas.
A vice-presidente do COMAD e Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Cidadania Elena Rosa Vidoti informou apesar dos poucos meses que o grupo foi criado, tem sido muito importante para todos os participantes, tendo em vista que tem proporcionado mais uma fonte de apoio para os ex dependentes e seus familiares.
No dia 06 de outubro a psicóloga Flávia Rolim Martins proferiu uma palestra sobre álcool e crack para os integrantes do grupo e visitantes da Associação Anti-Alcoólica de Jales. Em seguida os integrantes passaram a discutir o problema e trocaram experiências pessoais.
Mais informações sobre o grupo de auto-ajuda podem ser obtidas no telefone (17) 3631-5515.

Extraído do Blog: http://comadsantafe.blogspot.com/

Artigo de Higor Jorge citado em Dicionário Jurídico

Artigo sobre a discussão da descriminalização das drogas, elaborado por Higor Jorge, foi reproduzido no Dicionário Técnico-Jurídico de Direito Penal e Processo Penal.



Abaixo consta o referido artigo completo:

Descriminalização e Legalização das Drogas

“O consumidor é quem sustenta a rede da droga.
E se há crime na droga, o consumidor é quem financia o crime”
Carlos Heitor Cony

Seja para aliviar dores, curar enfermidades ou oferecer uma momentânea sensação de prazer o uso de drogas tem acompanhado o homem desde tempos remotos. A Organização Mundial de Saúde define drogas como substâncias que introduzidas no organismo vivo podem modificar uma ou mais de suas funções.
Quanto a sua proibitividade podemos classificar as drogas em lícitas e ilícitas. As drogas lícitas são aquelas socialmente aceitas, ou seja, correspondem a substâncias que apesar dos seus efeitos danosos, a lei não impõe sanção contra seus consumidores. Exemplo: álcool, cigarro, medicamentos, etc. As drogas ilícitas são aquelas cuja lei determina uma punição. Exemplo: cocaína, maconha, crack, extasy, etc.
Nos tempos atuais duas preocupações têm afligido a sociedade: o consumo abusivo de drogas que tem ceifado milhares de vidas e o poder dos traficantes, exercido principalmente nas periferias das grandes cidades.
Em razão disso, muito tem sido discutido no sentido de atenuar o número de viciados e diminuir o poder dos traficantes. Alguns defendem, inclusive, que a melhor saída seria a legalização ou a descriminalização das drogas. Apesar desses termos serem usados como sinônimos na verdade têm significados diferentes.
Legalizar significa tornar legal, isto é, liberar o uso das drogas até então proibidas. A legalização se funda na liberdade individual do cidadão que não permite a punição de auto-lesão (salvo algumas exceções) e também no direito do usuário não ser punido por aquilo que a Organização Mundial de Saúde considera doença.
Descriminalizar quer dizer tornar o uso de drogas um comportamento não criminoso, ou seja, continua sendo uma conduta ilegal, mas não criminosa. Por continuar sendo uma conduta ilegal, deve-se notar que com a descriminalização o usuário de drogas continuaria sujeito a intervenções administrativas do Estado, de forma que tais substâncias seriam apreendidas e destruídas, conforme explica Dirceu Aguiar Dias Cintra (Jornal “Estado de São Paulo”, terça-feira, 12 de dezembro de 1995).
De acordo com Paula da Rosa de Almeida “o movimento de descriminalização encontra seus alicerces nomeadamente nos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade criminal”.
Levando em consideração que os termos legalizar e descriminalizar foram conceituados serão analisadas suas conseqüências que ao final vão nos conduzir no sentido da manutenção da proibição e da criminalização das drogas.
Se ocorresse a legalização ou a descrimininalização das drogas, em face dos graves problemas sócio-culturais que enfrentamos haveria o sério risco do seu uso ser banalizado e com isso ocorrer uma explosão nunca vista no consumo (principalmente nos casos de legalização quando muitos usuários eventuais ou meros curiosos seriam encorajados a consumir). Nessa hipótese, é importante levar em consideração que a rede pública não dispõe de leitos suficientes para suprir a demanda e esse problema seria agravado mais ainda, pois não teria leitos suficientes para receber os pacientes que necessitassem de tratamento ou cujas enfermidades se agravassem em função do uso de substâncias entorpecentes.
Outra constatação que deve ser abordada diz respeito a falaciosa afirmação de que a legalização acabaria com o tráfico. A permissão do uso não seria ampla e sim restrita a pessoas que tivesses determinados atributos (exemplo: maiores de 18 anos, penalmente capazes, etc), desse modo haveria também uma parcela de usuários proibidos de consumir que se submeteriam ao traficante de modo análogo ao que ocorre atualmente.
Mesmo que os lucros dos traficantes diminuíssem em razão da escassez de “clientes” seria muita inocência acreditar que eles deixariam de ser criminosos. Sem dúvida alguma com seus armamentos e com a estrutura criminosa do tráfico eles migrariam para outras modalidades criminosas, como por exemplo, extorsão mediante seqüestro, furto, roubo, etc.
Assim, os índices de criminalidade continuariam aumentando e a população seria como sempre a mais atingida porque haveria mais seqüestradores, assaltantes, assassinos, etc nas ruas.
Deve-se notar também que para acabar com o tráfico seria necessário que o preço dos entorpecentes legalizados fosse inferior ao preço dos ilegais, todavia em face da nossa exagerada carga tributária isso seria impossível.
No que concerne a descriminalização é importante lembrar que em razão do uso de entorpecentes ser considerado crime, na mentalidade das pessoas é um comportamento socialmente reprovado e danoso a incolumidade física do indivíduo. Esse paradigma impede que muitas pessoas se envolvam com drogas, principalmente crianças e adolescentes cuja personalidade encontra-se ainda em formação. A descriminalização teria efeitos contrários, pois haveria diminuição no grau de reprovação social da conduta do usuário.
No sentido de descriminalizar o uso de entorpecentes foi aprovada a Lei nº 10.409/02 com a finalidade de despenalizar o consumo de drogas nos casos em que o usuário estivesse portando pequena quantidade da substância. O objetivo de despenalizar o consumo é combater a estigmatização do usuário que dificulta mais ainda o tratamento e a recuperação do dependente. Contudo, é possível vislumbrar também que a descriminalização seria um fator gerador de exclusão social, violência e desemprego, pois aumentaria a quantidade de dependentes e por conseqüência de traficantes.
Felizmente o bom-senso prevaleceu e o capítulo que continha essa previsão foi vetado pelo Presidente da República, de modo que continua em vigor a Lei nº 6.368/76.
Edmur Luchiari defende a necessidade de pena para o usuário de drogas tendo em vista que seria um estímulo ao tráfico. Conforme seu entendimento “a pena para o usuário deve ser reduzida, mas precisa existir. A falta de sanção será um caminho aberto para o tráfico. Se alguém pode usar, alguém se achará no direito de vender”.
Pelo exposto, podemos concluir que apesar da estigmatização do viciado e das falhas da mera repressão contra o uso, é evidente que tanto a legalização quanto a descriminalização teria efeitos desastrosos, sendo que a única saída para atenuar essas mazelas seria uma ação conjunta entre órgãos de repressão, Estado, ONGs, entidades religiosas e meios de comunicação no sentido de atuar na repressão e principalmente na prevenção das drogas por intermédio da divulgação dos seus riscos e malefícios e também no sentido de implementar programas visando o tratamento de dependentes e a redução de danos, como por exemplo, a distribuição de seringas e outros utensílios para usuários de drogas injetáveis que tem diminuído o risco de contágio da AIDS e de outras moléstias contagiosas.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: http://www.higorjorge.com.br/

Informações bibliográficas:
JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Descriminalização e Legalização das Drogas. Higor Jorge, Santa Fé do Sul, [data]. Disponível em: . Acesso em: [data].

A atuação da DISE na prevenção e repressão às drogas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento , ou seja, as drogas são substâncias que modificam o funcionamento dos sistemas das pessoas e essas alterações produzem modificações no comportamento de cada um.
As drogas podem ser legais (lícitas) ou ilegais (ilícitas). As drogas legais são aquelas que a lei não proíbe seu uso, como por exemplo, cigarro, bebida alcoólica e medicamentos. As drogas ilegais são aquelas que a lei proíbe seu uso e comercialização, como por exemplo, maconha, cocaína, heroína, ecstasy, crack, etc.
Na cidade de Lins e em todo o Brasil as drogas lícitas e ilícitas têm preocupado a população e as autoridades constituídas, pois a cada dia ficamos sabendo de mais pessoas sofrendo os efeitos danosos do consumo de drogas.
Para atuar contra as drogas a Polícia Civil de Lins possui a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE) que tive a oportunidade de assumir há alguns dias em razão de convite do Delegado Seccional de Polícia de Lins, Dr. João Valle da Silva Leme, que possui vasta experiência na área tendo em vista que trabalhou neste tipo de Delegacia (DISE) por quase vinte anos.
Por intermédio da DISE pretendemos realizar diversas ações visando prevenir o uso de drogas e também combater, principalmente os crimes de tráfico de drogas (artigo 33 da Lei 11.343/06) e associação para o tráfico (artigo 35 da Lei 11.343/06) que têm causado tragédias nas vidas de muitas pessoas.
Com a finalidade de prevenir o consumo de drogas pretendemos elaborar uma cartilha com informações sobre os males que cada droga proporciona e realizar uma campanha de distribuição da mesma e de palestras pelas escolas de Lins e região.
Visando combater os crimes relacionados com drogas e antecipar ações que possam ser realizadas pelos criminosos temos contado com a colaboração do Centro de Inteligência Policial (CINPOL) da Delegacia Seccional de Polícia de Lins que tem oferecido os recursos da tecnologia da informação e da inteligência policial necessários para as nossas necessidades. Também a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e as demais Unidades da Polícia Judiciária têm colaborado com informações e na organização de ações conjuntas para oferecer uma resposta enérgica contra o tráfico de drogas.
Pretendemos realizar operações conjuntas com a Polícia Militar que no exercício das suas atribuições constitucionais ostensivas e preventivas são imprescindíveis para a preservação da segurança pública e podem colaborar muito no enfrentamento do tráfico de drogas e de outros crimes que possuam relação com as drogas.
Outra medida que vai ajudar no combate aos crimes relacionados com drogas é a divulgação em todos os meios de comunicação do disque denúncia da Polícia Civil. Qualquer pessoa pode ligar no telefone 197 e não é necessário se identificar. A população pode e deve colaborar com a polícia transmitindo informações por intermédio deste número de telefone. Todas as denúncias serão devidamente apuradas pela Polícia Civil.
Pelo exposto nos colocamos à disposição da população para atuar na prevenção e repressão as drogas e pretendemos difundir uma mensagem de preocupação com a problemática das drogas, mas também de confiança no êxito de nosso trabalho, pois acreditamos que em virtude da ação conjunta entre as Delegacias pertencentes à Polícia Civil de Lins, a Polícia Militar e a população poderemos oferecer um trabalho legalista, pró-ativo e eficiente, direcionado a prevenir e reprimir adequadamente as drogas.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: http://www.higorjorge.com.br/

Informações bibliográficas:
JORGE, Higor Vinicius Nogueira. A atuação da DISE na prevenção e repressão às drogas. Higor Jorge, Santa Fé do Sul, [data]. Disponível em: . Acesso em: [data].

Maconha (A ilusão das drogas)

Maconha (A ilusão das drogas)

MACONHA
A maconha é uma substância conhecida há pela menos 5.000 anos e foi nomeada em 1735 pelo botânico Carl Lineu como Cannabis sativa.
Os usuários da maconha utilizam diversos apelidos para denominar a droga, os apelidos mais conhecidos são: erva, pacau, baseado, charão, fininho, finório, hemp, beck, abangue, bagulho, birra, diamba, fuminho, fumo, gererê, marijuana, haxixe, skank, marola, camarão, taba, beck, bagana, bagulho, cachimbo da paz, capim seco, mato, paranga, etc.
A maconha é considerada a droga ilícita (proibida, ilegal) mais utilizada em todo o mundo. A planta excreta grande quantidade de uma resina composta por diversas substâncias e uma delas é o THC (delta-9-tetrahidrocanabinol) que proporciona boa parte dos sintomas nos seus usuários .
De acordo com estudos científicos a maconha vicia e o seu uso provoca a tolerância (cada vez o usuário quer mais droga) e a síndrome de abstinência (conjunto de sintomas que acometem o dependente que suspenda bruscamente o uso de drogas).
O consumo da maconha não leva a outras drogas, porém quando o usuário passa a utilizar outras drogas na maioria das vezes ele fez uso da maconha.
Observa-se que o consumo da droga ocorre muitas vezes em grupos ou rodas de amigos em que cada um dos participantes fuma um pouco. Aqueles “canabistas” mais experientes influenciam amigos a experimentar. O consumo da maconha é estimulado também por músicas, símbolos e certos objetos que façam alusão ao seu consumo, como bonés, camisetas e pulseiras.
A fumaça do baseado de maconha é absorvida rapidamente pelos pulmões do usuário e logo depois os seus olhos ficam avermelhados, a boca seca e o coração disparado. O usuário fica excitado e fisicamente agitado. Se a quantidade de THC for pequena ele passa a rir sem motivos, se for maior ele fica “chapado”, com os olhos parados, perde a vivacidade e passa a falar devagar.
Outra característica do usuário de maconha é que aumenta o apetite e passa a ter vontade de ingerir, principalmente doces. Os consumidores de maconha chamam isso de larica.
A pessoa ao usar maconha fica sob seus efeitos de duas a quatro horas.
O usuário passa a tentar disfarçar o vício fazendo uso de colírios, balas e chicletes fortes, perfumes nos cabelos e mãos, amassam ervas com cheiros fortes com os dedos para disfarçar o cheiro de maconha nas mãos, tapam as soleiras das portas para não sair a fumaça se estiver fumando no interior de seu quarto, ligam o chuveiro para produzir vapor e eliminar a fumaça, acendem incensos e pulverizam perfumes fortes para disfarçar o cheiro.
O principal efeito decorrente do uso crônico da maconha é que deixa a pessoa sem vida, sem ambições, conformado com tudo e muito agressivo quando contrariado. Constantemente observamos filhos que agridem os pais em razão dos genitores não concordarem com o vício ou não entregarem dinheiro para sustentar o vício.
O usuário de maconha perde parte da motivação para viver, podem surgir quadros de ansiedade, depressão, pânico e quadro psicótico, semelhantes a esquizofrenia paranóide.
Há provas científicas que caso o usuário da maconha tiver uma doença psíquica qualquer, mas que ainda não está evidente ou a doença apareceu, mas está controlada com medicamentos adequados, a maconha piora o quadro. Assim, a droga faz surgir a doença ou neutraliza o efeito do medicamento e os sintomas da enfermidade mental reaparecem .
Também há dificuldades para lidar com frustrações e sua capacidade de diálogo, atenção, concentração, produção e relacionamento pioram muito.
A maconha diminui as defesas contra infecções, afeta testículos e ovários aumentando a chance de ocorrer infertilidade e altera o funcionamento do cérebro.
Pode ocorrer também o “flashback”, ou seja, os sintomas ressurgem como se o usuário tivesse usado maconha outra vez, sem tê-la usado.
De acordo com estimativas, fumar quatro cigarros de maconha por dia tem o mesmo poder cancerígeno do que fumar vinte cigarros comuns por dia.
De acordo com pesquisa realizada em dez capitais do país, entre estudantes da rede estadual de ensino, o uso de maconha tem aumentado. Em 1987, 2,8% dos estudantes de quinta série ao ensino médio relatavam que já haviam usado maconha, em 1989 a porcentagem aumentou para 3,4%, em 1993 para 4,5% e em 1997, foi para 7,6%. Nos Estados Unidos o problema da maconha é mais grave ainda, pois mais de um terço da população (34,2%) já usou maconha .
Pelo exposto concluímos que a família, entidades religiosas, imprensa, clubes de serviço, associações, conselhos municipais, organizações governamentais e não governamentais, enfim, a sociedade como um todo deve disseminar uma mensagem de preocupação com a maconha e com outras drogas lícitas e ilícitas, pois seus efeitos são extremamente nocivos para quem usa essa droga nefasta e também para todos que convivem com essas pessoas.
BIBLIOGRAFIA:
Livreto Informativo sobre Drogas. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID e Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, 2004.
MARLATT, Beatriz Carlini. Drogas: Cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes. Série Por dentro do assunto. Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, Brasília-DF, 2004.
PERCÍLIA, Eliene. Maconha. Brasil Escola. Disponível em: . Acesso em: 07 set. 2009.
TIBA, Içami. Juventude & drogas: anjos caídos. São Paulo: Integrare, 2007.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: http://www.higorjorge.com.br/

Informações bibliográficas:
JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Maconha. Higor Jorge, Santa Fé do Sul, [data]. Disponível em: . Acesso em: [data].

Projeto pretende acabar com as festas “open bar”

Na última semana, mais uma vez foi levantada a questão da realização das festas open bar em Santa Fé.
O vereador Alcir Zaina elaborou um Projeto de Lei com o objetivo de impedir que essas festas aconteçam. Segundo ele, o projeto foi proposto não para impedir que as pessoas bebam, mas, sim, que não consumam exageradamente bebidas alcoólicas, pois é a ingestão excessiva que faz com que muitos acidentes, brigas e agressões aconteçam, além de ser a porta de entrada para o consumo das drogas.
“Foi pensando no bem estar da população que propus o projeto. Na última segunda-feira, dia 23, os vereadores, assim como o Comad- Conselho Municipal Antidrogas, o Conselho Tutelar e promotores de festas, nos reunimos na Câmara Municipal visando discutir o problema e encontrar soluções adequadas a todos”, disse o vereador.
De acordo com Alcir, o projeto ainda não foi para a votação, para que haja uma discussão mais ampla sobre o assunto com todas as partes envolvidas, inclusive a sociedade.
O tema proposto pelo Projeto de Lei do vereador já era uma das ações do Comad, através do projeto Santa Fé Livre do Vício, que também se empenha em buscar apoio e solução para o problema, conscientizar, auxiliar, ajudar e prevenir à população quanto ao uso de entorpecentes, cigarros e consumo de bebida alcoólica.
Segundo o presidente do Comad, o delegado de polícia Higor Vinícius Nogueira Jorge, o Conselho está muito preocupado com o consumo do álcool e de drogas na cidade. “Através do o projeto Santa Fé Livre do Vício, já realizamos mais de 30 palestras, e com as caixas coletoras colocadas em alguns pontos da cidade, através do projeto Polícia Civil Comunitária, temos o objetivo de receber denúncias de pessoas que vendam qualquer tipo de droga, permitida ou não, mas ainda é preciso que essas festas open bar sejam realizadas de maneira comprometida com o bem estar da comunidade”, explicou ele.
“O Comad tem tido muita preocupação com as festas open bar, pois as mesmas estimulam o consumo exagerado de bebida alcoólica. O preço da bebida está incluído no valor pago pelo convite da festa. Dessa forma, o indivíduo sempre acaba bebendo mais para compensar o valor pago. Bebendo sem moderação, muitos que vão as festas são habilitados e saem do local dirigindo seus veículos sob o efeito do álcool, o que, além de ser um crime, é muito perigoso”, relatou.
“Mas não é apenas isso que preocupa, mas sim que o álcool, que têm sido a porta de entrada para todas as drogas. Muitos dependentes afirmaram que começaram a se drogar, bebendo, por isso temos que realizar mais ações nesse sentido”, continuou.
Ainda de acordo com o delegado Higor, o álcool é responsável pela maioria dos acidentes de trânsito, há muitos registros de pessoas que estavam embriagadas e se envolveram em acidentes, assim como casos de violência doméstica, pois os agressores geralmente estão embriagados.
“Este ano ocorreram dois homicídios em nosso município, sendo que os responsáveis e as vítimas estavam embriagados. Todos nós recordamos das quatro adolescentes que foram atendidas no Pronto Socorro do município, no carnaval deste ano, em coma alcoólico, depois de participarem de uma festa open bar, em um clube da cidade”, relatou.
Para o delegado “a decisão de beber não é apenas uma escolha individual. O marketing publicitário investe milhões de reais em propagandas que estimulam o consumo de bebidas alcoólicas, e o mesmo marketing é obrigado por lei a sugerir que se beba com moderação. O open bar é ao contrário, pois faz apologia ao acesso livre, sem moderação, a qualquer tipo de bebida alcoólica. Este fato se reconhece quando ao adquirir o convite de uma festa open bar, muitas vezes a pessoa recebe uma caneca para consumir bebida alcoólica”, explicou.
“Cada um presente na reunião desta semana expôs seu ponto de vista. Pretendemos também realizar outras reuniões com os organizadores dessas festas para discutir ações conjuntas para a solução do consumo exagerado de álcool e não descartamos a realização de um plebiscito para que se necessário, seja impedida a realização deste tipo de evento, ou mesmo que seja feito um acordo para a realização das festas”, finalizou o delegado Higor Jorge.

Fonte: O Jornal de Santa Fé do Sul/ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

COMAD desenvolve ação visando proibir festas "open bar"

MOÇÃO DE APOIO AO PROJETO DE LEI QUE VISA A PROIBIÇÃO DA REALIZAÇÃO DE EVENTOS NA MODALIDADE OPEN BAR

O Conselho Municipal Antidrogas (COMAD), formado por diversos segmentos da sociedade, descritos abaixo, vem por intermédio deste, justificar o seu apoio ao referido Projeto.
O COMAD deixa claro que é favorável ao desenvolvimento turístico da Estância Turística de Santa Fé do Sul, mas que a realização de festas e outros eventos do gênero devem ser organizados de forma responsável e comprometida com o bem estar da comunidade.
O COMAD apóia e tem direcionado esforços em favor do projeto citado, pelo fato do mesmo lutar contra o estímulo ao uso desmedido de bebida alcoólica nestes eventos.
De acordo com a Polícia Civil de Santa Fé do Sul, este ano ocorreram dois homicídios em nosso município, os responsáveis e as vítimas estavam embriagados. Também quase todas as agressões cometidas contra esposas e filhos foram praticadas por pessoas sob efeito de álcool.
Todos nos recordamos das quatro adolescentes que foram atendidas no Pronto Socorro do município, no carnaval deste ano, em coma alcoólico, depois de participarem de uma festa open bar, em um clube da cidade.
Para se ter uma idéia do potencial lesivo do álcool na vida das pessoas, conforme informações do Instituto Médico Legal da cidade de São Paulo apresentaram álcool na corrente sanguínea, em níveis mais elevados do que o permitido por Lei:
- 52% das vítimas de homicídio;
- 64% daqueles que morreram afogados;
- 51% dos que faleceram em acidente de trânsito.
Entendemos que a decisão de beber não é apenas uma escolha individual. O marketing publicitário investe milhões e milhões de reais em propagandas que estimulam o consumo de bebidas alcoólicas, porém o mesmo marketing se vê obrigado por Lei a sugerir que se beba com moderação. O open bar faz processo exatamente contrario, pois faz apologia ao acesso livre, sem moderação, a qualquer tipo de bebida alcoólica. Este fato se reconhece quando ao adquirir o convite de uma festa open bar, você recebe uma caneca para consumir bebida alcoólica.
Nas horas posteriores a realização das festas open bar a população passa a correr um grande risco, pois levando em consideração que no mínimo 70% dos participantes são motoristas e que os mesmo são condutores de seus veículos, concluímos que haverá uma grande presença de motoristas embriagados transitando pelas ruas da cidade. Esta constatação temos observado constantemente, assim como temos visto diversos acidentes de trânsito, alguns com vítimas fatais, cujos motoristas se encontravam sob efeito de bebida alcoólica.
Outro dado importante é o que chamamos de miopia alcoólica: nestes casos após o uso desmedidos de álcool o individuo não tem controle sob suas ações. A maioria dos casos de contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), acontece em momentos de embriaguez em razão da não utilização de preservativos.
O COMAD sugere aos Senhores Vereadores que conheçam os quarenta internos que temos nas duas casas de recuperação de dependentes do município, bem como seus familiares e os grupos de auto-ajuda e que nunca se esqueçam que o álcool é a porta de entrada para outras drogas, como o crack, a maconha, o cigarro, a cocaína, dentre outras.
O COMAD entende que este Projeto de Lei visa evitar o surgimento de novos dependentes em drogas e a destruição de inúmeras famílias por conta do álcool. Esta ação faz parte do projeto Santa Fé Livre do Vício, desenvolvido pelo COMAD e pretende contar com o apoio dos vereadores que sejam realmente comprometidos com a população de Santa Fé do Sul.
O COMAD espera que esta Casa de Leis tenha sensibilidade e bom senso para escutar o clamor das pessoas que são vítimas do álcool e que saiba reconhecer que a dignidade da pessoa humana figura em um patamar acima dos interesses pessoais e financeiros que possam tentar influenciar a decisão dos seus vereadores.
Santa Fé do Sul, 20 de agosto de 2010.

MEMBROS DO COMAD

Higor Vinicius Nogueira Jorge Presidente do COMAD – Delegado de Polícia
Elena Rosa Teixeira Vidoti Vice Presidente do COMAD – Secretaria dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência e Cidadania
Padre Márcio Roberto dos Santos
COMAD – Igreja Católica
José Eduardo Martins COMAD – Delegado de Polícia
Sueli Moreira Marques Ferreira COMAD – Assistente Social da Secretaria da Saúde
Camila dos Reis Feitosa COMAD – Assistente Social do COMAD
Carlos Roberto Poltronieri COMAD – Guarda Municipal
Vilma M. Scatolin Rossafa Garcia COMAD – Secretaria da Ação Social
Hélio Molina Jorge COMAD – Delegado de Polícia
Adacyr Ferreira COMAD – Coordenador do CRA
Plínio Sanches Silva COMAD – Dentista
Jomar Antonio Álvares Ferreira COMAD – Empresário
Ana Pereira Gino COMAD – Membro do Conselho Tutelar
Flávia Rolim Marques COMAD – Psicóloga do CAPES
Irene Faustino de Faria Junqueira COMAD – Assistente Social do Ambulatório de Especialidades
José Luis Chiosini COMAD – Comandante da Polícia Militar
Oswaldo Avelino de Souza COMAD – Presidente da Associação Antialcoólica
Francisco Marin Cruz Netto COMAD – OAB
Maristella Araújo Macedo Santos COMAD – Assistente Social da AMIPE
Gervásio Favaro COMAD – Delegado de Polícia
Geraldo Dimas de Souza COMAD – Pastor da Igreja Peniel
João Roberto Arcalá COMAD – Secretário do Turismo e Cultura
Claudinei César Frigo COMAD – Presidente de Bairro

Visitem o blog do COMAD: http://comadsantafe.blogspot.com/

Perguntas e respostas sobre drogas (por Higor Jorge)

O que são drogas?
As drogas são substâncias que ao serem consumidas pelas pessoas produzem alterações no seu organismo.

Como se classificam as drogas?
As drogas podem ser classificadas quanto aos seus efeitos, em drogas estimulantes, depressoras e perturbadoras.
- Estimulantes: São drogas que aumentam a atividade mental, elas afetam o cérebro fazendo com que ele funcione de forma mais acelerada. Exemplo: cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, crack, etc.
- Depressoras: São drogas que diminuem a atividade mental, fazendo com que o cérebro funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplo: tranqüilizantes, álcool, inalantes e solventes, substâncias derivadas do ópio (morfina, heroína), etc.
- Perturbadoras: São drogas que alteram a percepção, são chamadas também de alucinógenas e provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, fazendo com que ele passe a trabalhar de forma desordenada, numa espécie de delírio. Exemplo: LSD, maconha, etc.

Quais são as drogas mais utilizadas e seus principais efeitos?
As drogas mais utilizadas e seus principais efeitos são:
† Maconha – Parece uma mistura de erva-doce com camomila ou com esterco seco de vaca. Depois de fumar um cigarro, a fica sonolenta, relaxada. Os olhos ficam vermelhos, ele sente muito sono e fome. O usuário de maconha costuma ter dificuldade no aprendizado, não pensa com clareza e muitos desenvolvem a impotência. Uma característica marcante de quem usa maconha é que perde a ambição, se conforma com tudo e torna-se muitas vezes agressivo quando contrariado ou se ingerir bebida alcoólica. A maconha, assim como as outras drogas faz muito mal a saúde e aumenta o risco da pessoa ter câncer.
† Cocaína (pó, farinha) – Pó branco semelhante ao sal de frutas ou a uma porção de maisena. É excitante, perceptível pela dilatação das pupilas e pelo ato repetitivo de coçar o nariz. Pode ser injetado nas veias ou cheirado. O maior risco decorrente desta droga é a morte por overdose.
† Crack – É um subproduto da cocaína. Parece uma bala de côco amarelada. Pode ser fumado em cachimbos improvisados com embalagens de iogurte ou latas de bebidas. Causa excitação, emagrecimento rápido e uma coceira freqüente. O usuário de crack fica inquieto e impaciente e vai perdendo gradativamente a sua dignidade. Essa droga tem sido responsável por muitos crimes e acabado com diversas famílias. Infelizmente cada vez mais temos visto pessoas se envolvendo com essa droga, bem como o sofrimento dos usuários e seus familiares.
† Inalantes e Solventes (cola de sapateiro, benzina, lança-perfume, éter, tiner) – Essas drogas promovem momentos de grande depressão, depois da euforia causada pelo uso. O nariz do usuário fica congestionado e os olhos com as pálpebras caídas.
† Álcool – O álcool, assim como o cigarro, é uma substância lícita, ou seja, é permitido pela lei. O consumo de álcool em pequenas doses causa desinibição e euforia. O consumo de álcool em doses maiores causa sensação de sonolência. O uso excessivo provoca suor abundante, dor de cabeça, tontura, liberação da agressividade, e diminuição da capacidade de concentração e dos reflexos (o que muitas vezes causa acidentes de trânsito ou de trabalho). O uso prolongado pode causar cirrose no fígado e atrofia cerebral. A maior parte das internações em hospitais psiquiátricos são decorrentes do alcoolismo e boa parte dos dependentes de outras drogas resolveram experimentar em ocasiões que estavam sob o efeito de bebidas alco.
† Cigarro (tabaco, charuto, fumo, cachimbo) – O cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer no pulmão e 30% de todos os outros tipos de câncer, principalmente de próstata e bexiga. Outro mal causado pelo cigarro é o enfisema pulmonar.

Quais as razões que levam uma pessoa a usar drogas?
Muitas razões podem levar alguém a usar drogas, dentre os possíveis motivos temos:
a) curiosidade; b) busca de prazer; c) falta de diálogo com a família; d) forma de protesto; e) tentativa de escapar das tensões, dos problemas, da solidão; f) a visão de que o uso de drogas é algo excitante e ousado; g) pressão do grupo de colegas.

Por que não usar drogas?
Porque ninguém precisa de droga para ser feliz, inicialmente a droga pode transmitir uma falsa e passageira sensação de prazer que gradativamente vai se transformando em dor, sofrimento e infelicidade, de forma que a pessoa perde a sua dignidade e seu amor próprio. Quando isso acontece, restam como conseqüências freqüentes a prisão, o hospital psiquiátrico ou a morte, ou como alguns dizem, os dois Cs: cadeia, casa psiquiátrica ou caixão.

Se você tiver dúvidas sobre drogas e seus efeitos entre em contato pelo meu site www.higorjorge.com.br, pelo meu twitter www.twitter.com/higorjorge ou pelo meu e-mail higorjorgedp@hotmail.com

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária.