quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O papel dos pais na prevenção das drogas


O nosso dia a dia tem nos aproximado da realidade de muitos lares da nossa cidade de Santa Fé do Sul e região. Lares em que falta dinheiro, falta comida, falta amor, falta respeito, falta dignidade, mas muitas vezes não faltam as drogas.
Diante disso é importante considerar que as drogas são substâncias, não produzidas pelo organismo, que possuem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações no seu funcionamento e, em diversos casos, fazendo com que a pessoa tome certas atitudes que se arrependa depois de algum tempo.
Quando falamos sobre as drogas que encontramos nos lares destas pessoas, estamos tratando não apenas daquelas consideradas ilícitas (proibidas), como a maconha, o crack, a cocaína, o LSD, o ecstasy, etc, mas também das drogas chamadas lícitas (permitidas), como por exemplo, o cigarro, o álcool e medicamentos.
Para se tornar um dependente químico (que alguns chamam de viciado em drogas) basta inicialmente experimentar. Normalmente a criança ou adolescente experimenta, passa a utilizar a droga em determinados períodos e sem que perceba, em pouco tempo, não consegue mais viver sem consumir drogas.
O mais triste é que na maioria dos casos os “amigos” ou outras pessoas próximas do dependente que lhe convencem a experimentar. Em pouco tempo ele se torna um escravo do vício e perde tudo que tem pela droga.
Sempre lembramos aos jovens que o caminho de um dependente químico costuma ser o hospital psiquiátrico, a penitenciária ou cemitério, pois estes são os únicos caminhos para aquele que não consegue deixar o vício.
Diante destes fatos, os pais têm um dever muito importante no sentido de orientar seus filhos, divulgar os efeitos maléficos das drogas e observar a rotina do filho.
Nada disso tem sentido se o diálogo entre pais e filhos não for muito franco e legítimo. Falo em legítimo tendo em vista que os pais além de conversarem bastante com os filhos devem dar exemplos, devem mostrar que suas ações são semelhantes as suas palavras, devem demonstrar que elas são reflexo do que eles fazem. Pouco adianta os pais cobrarem uma postura correta dos filhos se na sua vida privada não agem de acordo com o que dizem.
Quem não imagina uma pessoa que recebe troco acima do que deveria receber e não devolve, que faz questão de furtar pequenos objetos, que tem orgulho de agir levando vantagem sobre outras pessoas, que se acha um espertalhão e que seu filho vendo os exemplos de falta de caráter se torna um criminoso ou uma pessoa também sem caráter.
Todo filho vê no pai a sua referência, o seu porto seguro, o seu exemplo, por isso muitas vezes pais usuários de drogas têm mais chances de seus filhos também se tornarem dependentes. Além disso, algumas drogas fazem com que os filhos nasçam com predisposição genética para o consumo de drogas.
Apesar desse problema da predisposição genética é necessário lembrar que todas as pessoas têm livre arbítrio, ou seja, todos agimos de acordo com nossos desejos e recebemos as conseqüências dos nossos atos.
Experimentar ou não uma droga é uma decisão que tem que ser tomada pelo indivíduo, que deve levar em consideração as conseqüências e nada como visitar uma clínica de recuperação de dependentes químicos para ter um exemplo de como as drogas são capazes de destruir a dignidade da pessoa, dissolver famílias e fazer com que o dependente mergulhe em um poço, cada vez mais profundo, chamado vício, que sem dúvida alguma proporcionará muito sofrimento e tristeza para o dependente e, acima de tudo, para as pessoas que nutrem amor e carinho por ele.
É notório que muitas destas pessoas em tratamento nestas clínicas conseguem deixar a dependência, mas infelizmente para isso são submetidos a muito sofrimento e a todo momento necessitam renovar o desejo de não ter uma recaída, o que não é fácil.
Você que é pai ou mãe deve fazer a sua parte, converse com seu filho, seja amigo(a), exija que ele seja uma boa pessoa, mas também nunca se esqueça de manter um diálogo franco e legítimo, além de ser um bom exemplo, para que um dia ele tenha orgulho de ser uma pessoa com os mesmos predicados do que você.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: www.higorjorge.com.br

O crack e os seus malefícios para a sociedade

30/09/2010
Por Archimedes Marques
 
Os fatos criminosos em todas as partes e em todos os lugares do país, as desagradáveis conseqüências na área policial, educacional, saúde, social e familiar e o degredo causado pelo crack, comprovam que essa droga trouxe malefícios sem precedências para a nossa sociedade. O crack mata os sonhos das pessoas, aniquila o futuro de tantas outras e aumenta a criminalidade em todo canto que se instala.

De poder sobrenatural, o crack sempre vicia a pessoa quando do seu primeiro experimento e o que vem depois é a tragédia certa. A partir de então a sua nova vítima está condenada a engrossar as fileiras de um gigantesco e crescente exército de dependentes químicos da droga que, em conseqüência passa também a matar e morrer pelo crack.
O crack além de trazer a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna.

Faz parte da fórmula absurda do crack que nasceu da borra da cocaína, a amônia, o ácido sulfúrico, o querosene e a cal virgem, produtos altamente nocivos à saúde humana, que ao serem misturados e manipulados se transformam numa pasta endurecida de cor branca caramelizada, que passou a ser conhecida pelos mais entendidos, com toda razão, como sendo a pedra da morte.
Como os efeitos excitantes do crack têm curta duração, o seu usuário faz dele uso com muita freqüência e a sua vida passa a ser somente em função da droga.

Em virtude do dependente do crack pertencer em grande maioria à classe pobre ou média da nossa sociedade e assim não dispor de dinheiro para manter o seu vício, então passa ele a prostituir-se em troca da pedra ou de qualquer migalha em dinheiro, a se desfazer de todos os seus pertences e a cometer furtos em casa dos seus pais, dos seus parentes, dos seus amigos ou noutros lugares quaisquer, para daí  logo passar a praticar assaltos, seqüestros e latrocínios, sem contar que também fica nas mãos dos traficantes para cometer homicídios ou demais crimes que lhes for acertado em troca do crack.

Assim, o usuário do crack vende seu corpo, sua alma, seus sonhos para viver em eterno pesadelo.
Na trajetória inglória e desprezível do crack, o seu usuário encontra o desencanto, a dor, a violência, o crime, a cadeia, a desgraça ou o cemitério. O crack traz o ápice da insanidade humana. Alguns que se recuperaram do poder aniquilador do crack disseram que dele sentiram o gosto do inferno.

Concluímos então que o perfil da sociedade se transformou e os problemas da segurança pública mudaram consideravelmente para pior a partir do advento do crack. Aumentaram-se todos os índices de crimes possíveis por conta do crack. Em decorrência do crack também passou a morrer precocemente uma imensidão incontável de pessoas, destarte para os jovens que mais se lançam neste lamaçal. Os seus usuários em grande maioria se transformam em pessoas violentas e, com armas em mãos são responsáveis por mortandade em suicídios, assassinatos dos seus familiares e amigos, homicídios pelo tráfico, para o tráfico ou ainda mortes relacionadas às pessoas inocentes em roubos, nos chamados crimes de latrocínios.

É preciso que as políticas públicas contra o crack, além de promover bons projetos preventivos, repressivos e curativos, considerem os vários aspectos que envolvem os seus dependentes químicos e suas conseqüências, como a conscientização da população voltada para o drama pessoal vivido pelos mesmos e por aqueles que o cercam, as dificuldades de bem vigiar todas as fronteiras como melhor forma de prevenção de evitar a entrada da sua pasta base, as carências das entidades assistenciais e de saúde, assim como da necessidade de recursos para os aparatos policiais, destarte, para a valoração profissional dos seus membros no sentido de melhor combater o trafico, o traficante e o chamado crime organizado que é a fonte de alimentação da droga.

Evidente é que o crack é caso de Polícia, mas é também problema de todos nós e, na medida em que por sua culpa são gerados tantos crimes e disfunções sociais, cresce ainda mais a responsabilidade da própria sociedade e do poder público, principalmente para ser tratado em larga escala como caso de saúde pública.

Archimedes Marques é Delegado de Policia, pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe.
Contato: archimedes-marques@bol.com.br

Dissidência no tráfico de drogas gera campanha e guerra contra o crack

22/02/2010
Por Archimedes Marques
O povo assiste atônito as conseqüências nefastas advindas do crack, a chamada “droga do século”, que chegou para arruinar a vida de muitos, piorar ainda mais a vida de toda a sociedade brasileira e agora até em contrariedade aos interesses de vários traficantes de drogas que em mudança de opinião, em discordância ao seu comércio já fazem campanha e iniciam guerra  contra o seu uso.
Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policias diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências funestas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.
A composição química do crack é simplesmente horripilante e estarrecedora. A partir da pasta base das folhas da coca acrescentam-se outros produtos altamente nocivos a qualquer ser vivo, tais como o ácido sulfúrico, querosene, gasolina ou solvente e a cal virgem, que ao serem processados e misturados se transforma numa pasta endurecida homogênea de cor branco caramelizada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína, ou seja, meio à meio cocaína com os outros produtos citados.  
O seu usuário pode ter convulsão e como conseqüência desse fato, pode levá-lo a uma parada respiratória, coma ou parada cardíaca. Além disso, para o debilitado e esquelético sobrevivente seu declínio físico é devastador, como infarto, dano cerebral, doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), câncer de garganta, além da perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do crack assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição.
O crack é tão perigoso quanto degradante e mortal que até o próprio traficante dele não faz uso e agora já começa a repensar o seu comercio.
Recentemente o jornalista e cientista político SEGADAS VIANA, escreveu sobre a questão de um ponto do tráfico do Rio de Janeiro estar fazendo campanha contra o crack. São trechos básicos da matéria jornalística denominada Tráfico veta copinho pra acabar com crackudo vacilão: “Salve um crackudo... Rasgue o copo”. As palavras, escritas em um cartaz ao lado da foto de três jovens fumando crack e da imagem de um copo de plástico, fazem parte de uma campanha para tentar dificultar o uso da droga. Como os usuários preferencialmente utilizam copinhos de guaraná natural, a idéia é convencer os fãs da bebida a rasgá-los antes de jogá-los fora.
Mais inusitado que a campanha é o local em que ela tem sido feita: o cartaz foi encontrado durante uma incursão policial no Morro do Pavão, em Copacabana, na zona sul do Rio. Ele estava colado em uma das bocas-de-fumo controladas por traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), na principal entrada da favela.
Abaixo do “slogan da campanha”, um texto expõe motivos para conquistar adeptos:  “Pow mano, ta ligado que o bagulho ta ficando sinistro em todas as favelas do Rio de Janeiro, né? Aonde vc passa tem um menozinho correndo igual doido com as calças caídas, descalços. Que vergonha. Ou então vê uma mina toda ruim, toda torta, toda magrela. (...)”
Mas o cartaz não é a única bandeira na tentativa de desestimular o uso do crack. Um funk batizado como “Crackudo vacilão” tem sido tocado nos bailes realizados nos morros e favelas. A letra da música diz: “Pedra pura, deixa a gente no maior tédio / Vendendo a roupa do corpo / E a janela do prédio / Mas depois triste num canto sozinho / lembra que se derramou / a madrugada num copinho / aí vem o desespero / tô com maior cabelão / eu vendi a geladeira, a tv e o fogão / aí vem o desespero / tô com maior cabelão / eu vendi a porra toda, eu sou um crackudo vacilão” (…)
Em outra matéria jornalística, desta feita no Rio Grande do Sul, publicada no Jornal Zero Hora, dia 19/11/2009, o jornalista HUMBERTO TREZZI assim discorreu em parágrafo basilar do seu artigo denominado Traficantes vetam crack em Santa Cruz: “A quadrilha que domina a venda de drogas no bairro mais populoso de Santa Cruz do Sul decretou: não vai vender mais crack. Além disso, anunciou “represálias severas” a quem comercializar a droga na sua área de atuação... venderão os estoques. Depois, vai vigorar a pena do submundo contra quem violar a regra – que pode incluir morte.”
Segundo o jornalista, o recado foi repassado em uma reunião em que fizeram parte aproximadamente cem pessoas na associação de moradores do bairro Bom Jesus e confirmado por repórteres do Jornal Gazeta do Sul.
Tais campanhas realistas do tráfico contra o crack demonstram a preocupação dos traficantes quanto a perda substancial dos seus compradores ou consumidores que logo morrem em decorrência da ação devastadora da droga, ou seja, estão perdendo mercado porque estão matando seus próprios clientes, com isso há a diminuição de lucro e em conseqüência do fato, também resta enfraquecido o comercio das outras drogas, daí a motivação desta suposta boa ação que estão a praticar para a sociedade.
É fato realmente inusitado: traficantes em campanha e em início de batalha mortal não pela disputa de território, mas pela tentativa desesperada de conter o avanço dos malefícios do crack que muitos teimam em reproduzir.
É de bom alvitre alinhavar que campanhas legais e vitoriosas como CRACK NEM PENSAR, DROGA MATA, ANTI DROGAS, A DROGA DA MORTE, A PEDRA DA MORTE, MONTENEGRO CONTRA O CRACK, dentre outros que arrastam adeptos importantes e adorados pelo povo como artistas, atletas, cantores ou demais celebridades, formadores de opinião pública, somados ao combate incansável efetuado pela força pública através da Policia, tem sido de suma importância na prevenção, repressão ou na recuperação de drogados, fazendo com que aumente ainda mais a frustração dos traficantes.
Assim, nesta nova modalidade de guerra do tráfico de drogas, que pode ser batizada de guerra do crack, vez que supostamente o comando vermelho já tomou partido, pode haver o aumento da dissidência e como conseqüência, uma grande quantidade de mortes.

Archimedes Marques é Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS.Contato: archimedesmarques@infonet.com.br, archimedes-marques@bol.com.br, archimedesmelo@bol.com.br.

A despenalização e a descriminalização das drogas

29/07/2010
Por Antonio Edison Francelin

Sobre a liberação das drogas, deixemos nossos pensamentos fluírem no terreno da fantasia. Imaginemos através da legalização, autorizado e financiado por órgão estatal o cultivo da “maconha - cannabis sativa L”, conhecida também, por “cânhamo ou marijuana”, cujo componente ativo é o tetraidrocanabinol. A preparação do local, a terra sendo arada, a semeadura, a germinação, os cuidados necessários à retirada das ervas daninhas, a orientação dos agrônomos, criação de cooperativas, etc. Será que haverá a necessidade de utilização de agrotóxicos? A colheita, o acondicionamento, o carregamento, o transporte, às feiras, sacolões e mercados, onde deverá ser exposto à venda o produto “in natura”, para a elaboração de chás, da tarde, da noite, das madrugadas. Existem adágios populares “ se a maconha  fosse boa fazia-se  chá, “ se droga fosse bom, não teria essa denominação “.Jamais ouvi alguém dizer que tivesse feito chá. Mas, experimentar será possível, caso seja  legalizado, liberado, melhor dizendo, dominado.
Essa substância processada (desidratada), poderá ser encontrada nas farmácias, drogarias e estabelecimentos clandestinos, pronta para a aquisição livre dos interessados (usuários, experimentadores, viciados ou dependentes), cujo prazer nada mais é que dar aquela “ fumada “. Aquisição à céu aberto, podendo ser utilizada para consumo próprio ou nas festas (raves, luais, aniversários, casamentos, natal, ano novo, reuniões diversas etc.), nos salões de festas, nas residências, nas escolas, nas vias públicas, afrontando a polícia, pois esta nada poderá fazer, tendo em vista, a  legalização. Para àqueles que tem condições financeira  será  fácil a aquisição, e a massa de usuários que carecem do poder aquisitivo, os  viciados e dependentes que não tem dinheiro para a compra da droga.
Nessa condição, se não faziam  ainda,  passarão à  prática  de infrações  penais (furtos, roubos, apropriação indébita, estelionatos etc.), agora fazendo parte do rol da criminalidade, portanto, tornando-se um marginal. Utopia e infantilidade, o   pensamento de que desaparecerá a figura do traficante, ledo engano,   cotejando, haverá o mercado paralelo, continuando “ tudo como dantes no quartel d’Abrantes “, realmente uma quimera, e a sociedade ordeira e de bem, como ficaria ? Que se dane ! Nesse contexto, da euforia drogável de forma legal, haverá o recrudescimento da violência, agressividade, conflitos, desentendimentos, a balbúrdia, etc., promovido pelos aficionados e alucinados das drogas, aumentando o contingente de doentes mentais. Diante desse quadro, dando asas à imaginação, a segurança, a incolumidade que já deixa a desejar, será menos ainda, pois não será aconselhável pessoas de bem, saírem nas vias públicas e ficarem a mercê desses desvairados. Procurando sair desse mundo fictício, uma péssima situação, com gravíssimos reflexos no setor da segurança e da saúde, e retornando ao mundo real, vemos que teríamos um verdadeiro retrocesso, o declínio, uma involução para a sociedade de bem.

Antonio Edison Francelin é Delegado de Polícia.
Contato: francelin@ig.com.br