quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O papel dos pais na prevenção das drogas


O nosso dia a dia tem nos aproximado da realidade de muitos lares da nossa cidade de Santa Fé do Sul e região. Lares em que falta dinheiro, falta comida, falta amor, falta respeito, falta dignidade, mas muitas vezes não faltam as drogas.
Diante disso é importante considerar que as drogas são substâncias, não produzidas pelo organismo, que possuem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações no seu funcionamento e, em diversos casos, fazendo com que a pessoa tome certas atitudes que se arrependa depois de algum tempo.
Quando falamos sobre as drogas que encontramos nos lares destas pessoas, estamos tratando não apenas daquelas consideradas ilícitas (proibidas), como a maconha, o crack, a cocaína, o LSD, o ecstasy, etc, mas também das drogas chamadas lícitas (permitidas), como por exemplo, o cigarro, o álcool e medicamentos.
Para se tornar um dependente químico (que alguns chamam de viciado em drogas) basta inicialmente experimentar. Normalmente a criança ou adolescente experimenta, passa a utilizar a droga em determinados períodos e sem que perceba, em pouco tempo, não consegue mais viver sem consumir drogas.
O mais triste é que na maioria dos casos os “amigos” ou outras pessoas próximas do dependente que lhe convencem a experimentar. Em pouco tempo ele se torna um escravo do vício e perde tudo que tem pela droga.
Sempre lembramos aos jovens que o caminho de um dependente químico costuma ser o hospital psiquiátrico, a penitenciária ou cemitério, pois estes são os únicos caminhos para aquele que não consegue deixar o vício.
Diante destes fatos, os pais têm um dever muito importante no sentido de orientar seus filhos, divulgar os efeitos maléficos das drogas e observar a rotina do filho.
Nada disso tem sentido se o diálogo entre pais e filhos não for muito franco e legítimo. Falo em legítimo tendo em vista que os pais além de conversarem bastante com os filhos devem dar exemplos, devem mostrar que suas ações são semelhantes as suas palavras, devem demonstrar que elas são reflexo do que eles fazem. Pouco adianta os pais cobrarem uma postura correta dos filhos se na sua vida privada não agem de acordo com o que dizem.
Quem não imagina uma pessoa que recebe troco acima do que deveria receber e não devolve, que faz questão de furtar pequenos objetos, que tem orgulho de agir levando vantagem sobre outras pessoas, que se acha um espertalhão e que seu filho vendo os exemplos de falta de caráter se torna um criminoso ou uma pessoa também sem caráter.
Todo filho vê no pai a sua referência, o seu porto seguro, o seu exemplo, por isso muitas vezes pais usuários de drogas têm mais chances de seus filhos também se tornarem dependentes. Além disso, algumas drogas fazem com que os filhos nasçam com predisposição genética para o consumo de drogas.
Apesar desse problema da predisposição genética é necessário lembrar que todas as pessoas têm livre arbítrio, ou seja, todos agimos de acordo com nossos desejos e recebemos as conseqüências dos nossos atos.
Experimentar ou não uma droga é uma decisão que tem que ser tomada pelo indivíduo, que deve levar em consideração as conseqüências e nada como visitar uma clínica de recuperação de dependentes químicos para ter um exemplo de como as drogas são capazes de destruir a dignidade da pessoa, dissolver famílias e fazer com que o dependente mergulhe em um poço, cada vez mais profundo, chamado vício, que sem dúvida alguma proporcionará muito sofrimento e tristeza para o dependente e, acima de tudo, para as pessoas que nutrem amor e carinho por ele.
É notório que muitas destas pessoas em tratamento nestas clínicas conseguem deixar a dependência, mas infelizmente para isso são submetidos a muito sofrimento e a todo momento necessitam renovar o desejo de não ter uma recaída, o que não é fácil.
Você que é pai ou mãe deve fazer a sua parte, converse com seu filho, seja amigo(a), exija que ele seja uma boa pessoa, mas também nunca se esqueça de manter um diálogo franco e legítimo, além de ser um bom exemplo, para que um dia ele tenha orgulho de ser uma pessoa com os mesmos predicados do que você.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: www.higorjorge.com.br

O crack e os seus malefícios para a sociedade

30/09/2010
Por Archimedes Marques
 
Os fatos criminosos em todas as partes e em todos os lugares do país, as desagradáveis conseqüências na área policial, educacional, saúde, social e familiar e o degredo causado pelo crack, comprovam que essa droga trouxe malefícios sem precedências para a nossa sociedade. O crack mata os sonhos das pessoas, aniquila o futuro de tantas outras e aumenta a criminalidade em todo canto que se instala.

De poder sobrenatural, o crack sempre vicia a pessoa quando do seu primeiro experimento e o que vem depois é a tragédia certa. A partir de então a sua nova vítima está condenada a engrossar as fileiras de um gigantesco e crescente exército de dependentes químicos da droga que, em conseqüência passa também a matar e morrer pelo crack.
O crack além de trazer a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna.

Faz parte da fórmula absurda do crack que nasceu da borra da cocaína, a amônia, o ácido sulfúrico, o querosene e a cal virgem, produtos altamente nocivos à saúde humana, que ao serem misturados e manipulados se transformam numa pasta endurecida de cor branca caramelizada, que passou a ser conhecida pelos mais entendidos, com toda razão, como sendo a pedra da morte.
Como os efeitos excitantes do crack têm curta duração, o seu usuário faz dele uso com muita freqüência e a sua vida passa a ser somente em função da droga.

Em virtude do dependente do crack pertencer em grande maioria à classe pobre ou média da nossa sociedade e assim não dispor de dinheiro para manter o seu vício, então passa ele a prostituir-se em troca da pedra ou de qualquer migalha em dinheiro, a se desfazer de todos os seus pertences e a cometer furtos em casa dos seus pais, dos seus parentes, dos seus amigos ou noutros lugares quaisquer, para daí  logo passar a praticar assaltos, seqüestros e latrocínios, sem contar que também fica nas mãos dos traficantes para cometer homicídios ou demais crimes que lhes for acertado em troca do crack.

Assim, o usuário do crack vende seu corpo, sua alma, seus sonhos para viver em eterno pesadelo.
Na trajetória inglória e desprezível do crack, o seu usuário encontra o desencanto, a dor, a violência, o crime, a cadeia, a desgraça ou o cemitério. O crack traz o ápice da insanidade humana. Alguns que se recuperaram do poder aniquilador do crack disseram que dele sentiram o gosto do inferno.

Concluímos então que o perfil da sociedade se transformou e os problemas da segurança pública mudaram consideravelmente para pior a partir do advento do crack. Aumentaram-se todos os índices de crimes possíveis por conta do crack. Em decorrência do crack também passou a morrer precocemente uma imensidão incontável de pessoas, destarte para os jovens que mais se lançam neste lamaçal. Os seus usuários em grande maioria se transformam em pessoas violentas e, com armas em mãos são responsáveis por mortandade em suicídios, assassinatos dos seus familiares e amigos, homicídios pelo tráfico, para o tráfico ou ainda mortes relacionadas às pessoas inocentes em roubos, nos chamados crimes de latrocínios.

É preciso que as políticas públicas contra o crack, além de promover bons projetos preventivos, repressivos e curativos, considerem os vários aspectos que envolvem os seus dependentes químicos e suas conseqüências, como a conscientização da população voltada para o drama pessoal vivido pelos mesmos e por aqueles que o cercam, as dificuldades de bem vigiar todas as fronteiras como melhor forma de prevenção de evitar a entrada da sua pasta base, as carências das entidades assistenciais e de saúde, assim como da necessidade de recursos para os aparatos policiais, destarte, para a valoração profissional dos seus membros no sentido de melhor combater o trafico, o traficante e o chamado crime organizado que é a fonte de alimentação da droga.

Evidente é que o crack é caso de Polícia, mas é também problema de todos nós e, na medida em que por sua culpa são gerados tantos crimes e disfunções sociais, cresce ainda mais a responsabilidade da própria sociedade e do poder público, principalmente para ser tratado em larga escala como caso de saúde pública.

Archimedes Marques é Delegado de Policia, pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe.
Contato: archimedes-marques@bol.com.br

Dissidência no tráfico de drogas gera campanha e guerra contra o crack

22/02/2010
Por Archimedes Marques
O povo assiste atônito as conseqüências nefastas advindas do crack, a chamada “droga do século”, que chegou para arruinar a vida de muitos, piorar ainda mais a vida de toda a sociedade brasileira e agora até em contrariedade aos interesses de vários traficantes de drogas que em mudança de opinião, em discordância ao seu comércio já fazem campanha e iniciam guerra  contra o seu uso.
Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policias diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências funestas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.
A composição química do crack é simplesmente horripilante e estarrecedora. A partir da pasta base das folhas da coca acrescentam-se outros produtos altamente nocivos a qualquer ser vivo, tais como o ácido sulfúrico, querosene, gasolina ou solvente e a cal virgem, que ao serem processados e misturados se transforma numa pasta endurecida homogênea de cor branco caramelizada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína, ou seja, meio à meio cocaína com os outros produtos citados.  
O seu usuário pode ter convulsão e como conseqüência desse fato, pode levá-lo a uma parada respiratória, coma ou parada cardíaca. Além disso, para o debilitado e esquelético sobrevivente seu declínio físico é devastador, como infarto, dano cerebral, doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), câncer de garganta, além da perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do crack assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição.
O crack é tão perigoso quanto degradante e mortal que até o próprio traficante dele não faz uso e agora já começa a repensar o seu comercio.
Recentemente o jornalista e cientista político SEGADAS VIANA, escreveu sobre a questão de um ponto do tráfico do Rio de Janeiro estar fazendo campanha contra o crack. São trechos básicos da matéria jornalística denominada Tráfico veta copinho pra acabar com crackudo vacilão: “Salve um crackudo... Rasgue o copo”. As palavras, escritas em um cartaz ao lado da foto de três jovens fumando crack e da imagem de um copo de plástico, fazem parte de uma campanha para tentar dificultar o uso da droga. Como os usuários preferencialmente utilizam copinhos de guaraná natural, a idéia é convencer os fãs da bebida a rasgá-los antes de jogá-los fora.
Mais inusitado que a campanha é o local em que ela tem sido feita: o cartaz foi encontrado durante uma incursão policial no Morro do Pavão, em Copacabana, na zona sul do Rio. Ele estava colado em uma das bocas-de-fumo controladas por traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), na principal entrada da favela.
Abaixo do “slogan da campanha”, um texto expõe motivos para conquistar adeptos:  “Pow mano, ta ligado que o bagulho ta ficando sinistro em todas as favelas do Rio de Janeiro, né? Aonde vc passa tem um menozinho correndo igual doido com as calças caídas, descalços. Que vergonha. Ou então vê uma mina toda ruim, toda torta, toda magrela. (...)”
Mas o cartaz não é a única bandeira na tentativa de desestimular o uso do crack. Um funk batizado como “Crackudo vacilão” tem sido tocado nos bailes realizados nos morros e favelas. A letra da música diz: “Pedra pura, deixa a gente no maior tédio / Vendendo a roupa do corpo / E a janela do prédio / Mas depois triste num canto sozinho / lembra que se derramou / a madrugada num copinho / aí vem o desespero / tô com maior cabelão / eu vendi a geladeira, a tv e o fogão / aí vem o desespero / tô com maior cabelão / eu vendi a porra toda, eu sou um crackudo vacilão” (…)
Em outra matéria jornalística, desta feita no Rio Grande do Sul, publicada no Jornal Zero Hora, dia 19/11/2009, o jornalista HUMBERTO TREZZI assim discorreu em parágrafo basilar do seu artigo denominado Traficantes vetam crack em Santa Cruz: “A quadrilha que domina a venda de drogas no bairro mais populoso de Santa Cruz do Sul decretou: não vai vender mais crack. Além disso, anunciou “represálias severas” a quem comercializar a droga na sua área de atuação... venderão os estoques. Depois, vai vigorar a pena do submundo contra quem violar a regra – que pode incluir morte.”
Segundo o jornalista, o recado foi repassado em uma reunião em que fizeram parte aproximadamente cem pessoas na associação de moradores do bairro Bom Jesus e confirmado por repórteres do Jornal Gazeta do Sul.
Tais campanhas realistas do tráfico contra o crack demonstram a preocupação dos traficantes quanto a perda substancial dos seus compradores ou consumidores que logo morrem em decorrência da ação devastadora da droga, ou seja, estão perdendo mercado porque estão matando seus próprios clientes, com isso há a diminuição de lucro e em conseqüência do fato, também resta enfraquecido o comercio das outras drogas, daí a motivação desta suposta boa ação que estão a praticar para a sociedade.
É fato realmente inusitado: traficantes em campanha e em início de batalha mortal não pela disputa de território, mas pela tentativa desesperada de conter o avanço dos malefícios do crack que muitos teimam em reproduzir.
É de bom alvitre alinhavar que campanhas legais e vitoriosas como CRACK NEM PENSAR, DROGA MATA, ANTI DROGAS, A DROGA DA MORTE, A PEDRA DA MORTE, MONTENEGRO CONTRA O CRACK, dentre outros que arrastam adeptos importantes e adorados pelo povo como artistas, atletas, cantores ou demais celebridades, formadores de opinião pública, somados ao combate incansável efetuado pela força pública através da Policia, tem sido de suma importância na prevenção, repressão ou na recuperação de drogados, fazendo com que aumente ainda mais a frustração dos traficantes.
Assim, nesta nova modalidade de guerra do tráfico de drogas, que pode ser batizada de guerra do crack, vez que supostamente o comando vermelho já tomou partido, pode haver o aumento da dissidência e como conseqüência, uma grande quantidade de mortes.

Archimedes Marques é Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS.Contato: archimedesmarques@infonet.com.br, archimedes-marques@bol.com.br, archimedesmelo@bol.com.br.

A despenalização e a descriminalização das drogas

29/07/2010
Por Antonio Edison Francelin

Sobre a liberação das drogas, deixemos nossos pensamentos fluírem no terreno da fantasia. Imaginemos através da legalização, autorizado e financiado por órgão estatal o cultivo da “maconha - cannabis sativa L”, conhecida também, por “cânhamo ou marijuana”, cujo componente ativo é o tetraidrocanabinol. A preparação do local, a terra sendo arada, a semeadura, a germinação, os cuidados necessários à retirada das ervas daninhas, a orientação dos agrônomos, criação de cooperativas, etc. Será que haverá a necessidade de utilização de agrotóxicos? A colheita, o acondicionamento, o carregamento, o transporte, às feiras, sacolões e mercados, onde deverá ser exposto à venda o produto “in natura”, para a elaboração de chás, da tarde, da noite, das madrugadas. Existem adágios populares “ se a maconha  fosse boa fazia-se  chá, “ se droga fosse bom, não teria essa denominação “.Jamais ouvi alguém dizer que tivesse feito chá. Mas, experimentar será possível, caso seja  legalizado, liberado, melhor dizendo, dominado.
Essa substância processada (desidratada), poderá ser encontrada nas farmácias, drogarias e estabelecimentos clandestinos, pronta para a aquisição livre dos interessados (usuários, experimentadores, viciados ou dependentes), cujo prazer nada mais é que dar aquela “ fumada “. Aquisição à céu aberto, podendo ser utilizada para consumo próprio ou nas festas (raves, luais, aniversários, casamentos, natal, ano novo, reuniões diversas etc.), nos salões de festas, nas residências, nas escolas, nas vias públicas, afrontando a polícia, pois esta nada poderá fazer, tendo em vista, a  legalização. Para àqueles que tem condições financeira  será  fácil a aquisição, e a massa de usuários que carecem do poder aquisitivo, os  viciados e dependentes que não tem dinheiro para a compra da droga.
Nessa condição, se não faziam  ainda,  passarão à  prática  de infrações  penais (furtos, roubos, apropriação indébita, estelionatos etc.), agora fazendo parte do rol da criminalidade, portanto, tornando-se um marginal. Utopia e infantilidade, o   pensamento de que desaparecerá a figura do traficante, ledo engano,   cotejando, haverá o mercado paralelo, continuando “ tudo como dantes no quartel d’Abrantes “, realmente uma quimera, e a sociedade ordeira e de bem, como ficaria ? Que se dane ! Nesse contexto, da euforia drogável de forma legal, haverá o recrudescimento da violência, agressividade, conflitos, desentendimentos, a balbúrdia, etc., promovido pelos aficionados e alucinados das drogas, aumentando o contingente de doentes mentais. Diante desse quadro, dando asas à imaginação, a segurança, a incolumidade que já deixa a desejar, será menos ainda, pois não será aconselhável pessoas de bem, saírem nas vias públicas e ficarem a mercê desses desvairados. Procurando sair desse mundo fictício, uma péssima situação, com gravíssimos reflexos no setor da segurança e da saúde, e retornando ao mundo real, vemos que teríamos um verdadeiro retrocesso, o declínio, uma involução para a sociedade de bem.

Antonio Edison Francelin é Delegado de Polícia.
Contato: francelin@ig.com.br

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As drogas e o seu enfrentamento pró-ativo


Há alguns anos quando se falava sobre o problema das drogas pensávamos em algo distante e que nunca nos atingiria. As drogas faziam parte do cotidiano apenas de certos bairros das grandes cidades.

Infelizmente as coisas mudaram, as drogas passaram a nos preocupar de uma forma cada vez mais intensa e esse problema tem atingido direta ou indiretamente todos os indivíduos, seja o dependente, sejam seus familiares, amigos e vizinhos em todo o Brasil.

Estima-se que existam no Brasil 1,26 milhões de dependentes em crack, incluindo crianças, adolescentes, adultos e idosos.

Para enfrentar esse problema é muito importante uma atuação conjunta de órgãos governamentais e comunidade visando à prevenção e combate eficiente as drogas, bem como um tratamento que realmente consiga manter o dependente longe de recaídas e que seja reinserido na sociedade.

A prevenção deve ser permanente e principalmente direcionada a expor para as crianças e adolescentes os malefícios proporcionados pelas drogas. Os jovens devem ter a dimensão de que todas as drogas, sejam lícitas ou ilícitas, proporcionam uma falsa sensação de prazer. Esse prazer com o tempo vai se transformando em dor, na mesma medida que o usuário que até então gozava da liberdade para consumir drogas vai se tornando um escravo do vício. Os adultos também devem ter noção das consequências negativas que as drogas proporcionarão para suas vidas.

É necessário também que os órgãos incumbidos de preservar a segurança pública e por consequência de enfrentar o tráfico de drogas sejam adequadamente valorizados. Essa valorização possui diversos aspectos, dentre eles a expectativa de progressão na carreira, respeito dos superiores e também são necessários salários condizentes com a dignidade e responsabilidade do policial. Também é necessário que a Polícia Civil, a Polícia Militar e os outros órgãos atuem estritamente desenvolvendo suas atribuições constitucionais. No caso da Polícia Civil no desenvolvimento das suas atividades investigativas e de polícia judiciária e a Polícia Militar nas ações ostensivas e repressivas. Quando se fala sobre a necessária valorização das referidas forças de segurança é primordial destacar também a importância da polícia ter recursos humanos adequados. Percebemos como a falta de um efetivo adequado de policiais prejudica a eficiência do trabalho da polícia, bem como se torna muitas vezes um fator determinante da impunidade. A falta de policiais muitas vezes é proporcional ao número de crimes.

Outro aspecto relevante diz respeito ao tratamento dos dependentes de drogas. Temos notado o esforço de muitas pessoas e de suas famílias para sair dessa prisão que representa o vício, contudo a mera força de vontade em boa parte das vezes não é suficiente para que a pessoa consiga voltar a ter uma vida longe das drogas.

O tratamento básico deve ser acompanhado por uma equipe interdisciplinar composta por psicólogo, psiquiatra, enfermeiro, terapeuta ocupacional, assistente social e outros profissionais, principalmente da área da saúde.

Lembrando sempre em ações intersetoriais, pois somente com o envolvimento e o fortalecimento de todos os seguimentos da sociedade que poderemos estruturar as políticas publicas para o tratamento e prevenção de álcool e drogas.

Vários programas já são desenvolvidos em algumas regiões do Estado, com isso, o que buscamos é o envolvimento político para que tais ações também possam ser ampliadas para município de pequeno porte, como o trabalho do CAPS – AD que é desenvolvido em grandes centros, deixando municípios de pequeno porte sem um atendimento de qualidade para o dependente químico e também o trabalho com a prevenção que vem ganhando força, suscitando profissionais capacitados para lidar com a prevenção das drogas, com isso, prevenir que o individuo adoeça evitaria o crescimento exacerbado de usuários de drogas, violência que levaria ao enfraquecimento do trafico.

O CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), tem por oferecer um atendimento na área da saúde mental mais especializado para dependentes químicos, também deve ser disseminado para outras cidades, não apenas para municípios com mais de 70 mil habitantes. O mesmo ocorre com os CREAS (Centros de Referência Especializada em Assistência Social) que deve também ser expandido para municípios com menores populações.

O CRATOD (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), que dá capacitação para profissionais da área da saúde para a prevenção e tratamento da dependência química, deve também ter suas atividades expandidas por todo o Estado de São Paulo.

E o programa PAI-PAD (Programa de Ações Integradas para a Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade), iniciado no ano de 1999, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, com a finalidade de desenvolver estratégias e ações voltadas para a prevenção e atenção aos problemas causados pelo uso de álcool e drogas. Dentre as principais atividades realizadas nesse programa consta a distribuição de material didático e treinamento de profissionais da saúde e desenvolvimento de projetos de pesquisa na área. O PAI-PAD foi escolhido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para conduzir a implantação das EDIBs (Estratégias de Diagnóstico e Intervenção Breve para problemas relacionados ao álcool). Seria muito importante que todas as Unidades Básicas de Saúde do Estado de São Paulo tenham em seu corpo de funcionários profissionais treinados pelo PAI-PAD.

O projeto Polícia Civil Comunitária (http://policiacivilcomunitaria.blogspot.com) implantado pela Polícia Civil em diversas localidades do Estado de São Paulo tem realizado diversas atividades com a finalidade de aproximar a polícia e a comunidade, bem como tornar a investigação criminal mais eficaz. Um dos principais enfoques desse importante projeto é o enfrentamento preventivo, repressivo e pró-ativo do consumo e tráfico de drogas.

O projeto Santa Fé Livre do Vício implantando pelo Conselho Municipal Antidrogas da Estância Turística de Santa Fé do Sul (blog: http://comadsantafe.blogspot.com) é uma referência, pois conta com a sinergia de órgãos públicos e de toda a comunidade no desenvolvimento de ações visando incrementar a prevenção, principalmente com as palestras realizadas em toda a região, a repressão, por intermédio da parceria com o projeto Polícia Civil Comunitária e a colaboração com o tratamento e a reinserção social de dependentes químicos da região, que tem sido feito pela Chácara Jerusalém, pelo Lar Madre Paulina, pela Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, pelo Desafio Jovem Peniel, além de outras clínicas espalhadas por outras localidades.

Outro projeto que tem tido efeitos muito positivos em favor da proteção dos jovens contra as drogas é o denominado “Toque de Acolher”, implantado inicialmente em Fernandópolis pelo juiz de direito Evandro Pelarim (http://evandropelarin.blogspot.com) e depois em Ilha Solteira pelo juiz de direito Fernando Antonio de Lima e outras cidades do Brasil.

O referido projeto tem sido muito importante, pois consiste em diversas ações pró-ativas visando evitar que o jovem seja exposto a situações de risco, inclusive estabelecendo horários para que as crianças e adolescentes permaneçam nas ruas, desacompanhados dos responsáveis. Na maioria dos lugares em que foi implantado, esse projeto é conduzido pelo Poder Judiciário e conta com a participação do Ministério Público, Polícia Civil, Conselho Tutelar, Polícia Militar, Guarda Municipal, dentre outros órgãos. Ao pesquisar as estatísticas criminais dos locais cujo projeto encontra-se em andamento percebe-se a diminuição da prática de crimes e a melhoria da qualidade de vida dos jovens.

Pelo exposto podemos concluir que é necessário um trabalho sinérgico que envolva órgãos públicos e comunidade, principalmente por intermédio da participação ativa em ações preventivas, realização de denúncias pelo telefone 197 (Disque Denúncia da Polícia Civil) e colaboração com outras atividades da polícia e com entidades que promovam a recuperação dos dependentes químicos e a consequente reinserção social dos mesmos, como forma de evitar que vidas humanas continuem a ser ceifadas em razão das drogas lícitas e ilícitas, como temos visto diariamente.
Mais informações sobre drogas podem ser obtidas no blog A Ilusão das Drogas (http://ailusaodasdrogas.blogspot.com).




HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: www.higorjorge.com.br




terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cocaína (A ilusão das drogas)

A cocaína é uma droga extraída das folhas de uma planta denominada coca ou epadu (erythroxylon coca) e cultivada nos Andes.
A droga era vendida em farmácias no século XIX como anestésico local e tônico para dar energia, contudo tornou-se ilegal em razão de seus efeitos danosos, pois muitas vezes seus usuários vinham a óbito.
A mídia tem divulgado com freqüência casos de personalidades do meio artístico que se envolvem com a cocaína. No programa Fantástico, transmitido pela Rede Globo no dia 13 de setembro de 2009 foi entrevistado o ator Fábio Assunção que passou por diversos problemas em razão da dependência dessa droga. Ele foi internado em diversas clínicas e muitas vezes abandonou o tratamento. Entrevistado sobre os males proporcionados pelas drogas disse que havia “brincado com algo que não imaginava a dimensão” e que poderia ter tido sérios problemas com a sua vida, sua saúde ou a lei.
A cocaína chega até o consumidor em forma de pó, que é solúvel em água e serve para ser aspirado (inalado) ou dissolvido em água para uso intravenoso (injetado), ou sob a forma de base, o crack, que é pouco solúvel em água, mas que se volatiza quando aquecida e, portanto, é fumada em “cachimbos”.
A cocaína pode ser consumida sob a forma de merla, que é um produto sem refino e muito contaminado com as substâncias utilizadas na extração. A merla pode provocar hemorragia cerebral, alucinações, delírios, convulsão, enfarte cardíaco e morte .
Há também a pasta de coca que é um produto grosseiro, obtido nas primeiras fases da extração da cocaína das folhas da planta quando estas são tratadas com álcali, solvente orgânico como querosene ou gasolina e ácido sulfúrico. Essa pasta contém muitas impurezas tóxicas e é fumada em cigarros chamados “basucos” .
A cocaína torna seu usuário tolerante ao vício, ou seja, cada vez seu organismo precisa de mais droga e também desenvolve a sensibilização, que é o inverso da tolerância, pois alguns efeitos passam a ocorrer mesmo se usar pequenas doses. Normalmente são os efeitos desagradáveis que passam a ser produzidos com pouca quantidade de droga. Assim, o usuário precisa cada vez mais de drogas, porém os efeitos desagradáveis são intensificados, sendo necessário pequenas doses para que ocorram.
COCAÍNA EM PÓ
Normalmente a cocaína é experimentada pela primeira vez em festas, normalmente depois do indivíduo ingerir bebida alcoólica. Com a intenção de se divertir e experimentar novas sensações faz uso da cocaína. O álcool neste caso diminui a censura interna da pessoa e com isso ela aceita experimentar a substância sem se preocupar com as conseqüências.
A pessoa que experimenta a droga recebe uma sensação de poder e passa a enxergar tudo com mais brilho, por isso alguns chamam a droga de “bright” (brilho). O que muitos se esquecem é que com o tempo esse brilho vai se apagando e a pessoa mergulha em um poço cada vez mais profundo, chamado vício, que muitas vezes o leva a morte.
Trata-se de um psicoestimulante com efeito rápido e passageiro que faz a pessoa desejá-la cada vez mais. Quando o efeito da droga termina o usuário passa a sentir uma sensação de mal estar e muitas vezes usa a droga novamente ou outro tipo de droga, como álcool, maconha ou tranqüilizantes.
A pessoa começa a usar cocaína e a freqüência passa a aumentar, de forma que a droga passa a dominar todas suas ações, ele pode até ficar algum tempo sem consumir a cocaína, contudo se ele tiver a oportunidade de consumir a droga, se ele ingerir bebida alcoólica, se ele passar pelos pontos de venda ou encontrar outros usuários ele costuma sentir uma grande compulsão para usar novamente a droga. Com o tempo ele se torna um escravo do vício. Se ele parar de usar a cocaína, nestas situações pode ter uma recaída.
A pessoa viciada em cocaína, independente se for inalar, injetar ou fumar a droga, vai perdendo o controle do seu consumo, se tem dinheiro gasta tudo com a droga, se não tem faz qualquer coisa para adquirir a droga, seja roubar, furtar, matar ou se prostituir. Se ele não possui mais veias para aplicar a cocaína injetável ou tentar esconder as referidas marcas ele aplica em diversas partes de seu corpo, inclusive nas genitálias ou pés. Muitas vezes o viciado em cocaína morre de overdose .
O consumo de cocaína pela via nasal permite que os seus efeitos comecem de 10 a 15 minutos e por intermédio de injeção os efeitos têm início entre 3 a 5 minutos. A duração do efeito da cocaína injetada ou inalada é de 20 a 45 minutos.
O dependente que faz uso de drogas injetáveis muitas vezes compartilha seringas e por isso se contamina por doenças graves como hepatite ou AIDS.
CRACK E MERLA
O crack e a merla não podem ser transformados em pó fino, pois possuem respectivamente os aspectos de pedra e pasta. Em razão disso não podem ser aspirados e por não serem solúveis em água na podem ser injetados. Por isso são aquecidos e fumados e a sua absorção é instantânea por intermédio da via pulmonar. Entre 10 a 15 segundos seus primeiros efeitos ocorrem.
O efeito do crack dura aproximadamente 5 minutos e por durar pouco tempo o usuário passa a voltar a usar a droga logo após o desaparecimento do efeito. O usuário entra em um ritmo nefasto em que consome toda a droga que estiver com ele e gasta todo o dinheiro que tiver para adquirir drogas.
Nestas situações ele é capaz de fazer qualquer coisa para obter mais pedras de crack para usar. Essa compulsão para usar o crack é chamada de “fissura” que é uma vontade incontrolável de sentir os efeitos da droga.
O prazer proporcionado pelo crack e pela merla é muito intenso e muitos o comparam com o orgasmo, contudo após o uso repetitivo dessas drogas o usuário passa a sentir sensações muito desagradáveis, como o cansaço e a intensa depressão.
O usuário tende a repetir a dose com o intento de sentir seus efeitos e essa quantidade cada vez maior de drogas faz com que os usuários passem a ter um comportamento muito violento, irritabilidade e atitudes bizarras em razão do aparecimento da paranóia. Ele pode também ter alucinações e delírios. Esses sintomas reunidos correspondem a “psicose cocaínica”. Também é importante ressaltar que os usuários das drogas oriundas da cocaína perdem o interesse sexual e são acometidos por diversos problemas relacionados com a atividade sexual.
É comum vermos, principalmente nas grandes cidades dependentes do crack com roupas imundas, perambulando pelas ruas feitos mortos-vivos (zumbis), esqueléticos, sem comer, sem tomar banho, totalmente entregues ao vício e caminhando em direção da morte.
A pessoa que usa cocaína pode desenvolver movimentos descoordenados, ranger de dentes e mandíbula, insônia, perda de cuidados pessoais, alucinações e outros comportamentos.
O uso prolongado da cocaína desenvolve em seus consumidores uma síndrome paranóica (sensação de perseguição) exacerbada, vendo inimigos em todos os lugares. Em muitos casos os usuários de cocaína não conseguem comer, nem dormir .
O crack provoca uma síndrome pulmonar aguda e pode provocar enfisema subcutâneo do pescoço e mediastino, necrose da mucosa e laringe. A cocaína cheirada pode provocar a congestão nasal, necrose e perfuração do septo nasal e se injetada ou fumada pode produzir hipertensão arterial, taquicardia, infarto agudo do miocárdio, aneurismas dissecantes da aorta, hemorragias intracranianas, atrofia cerebral, hemorragias cerebrais e crises convulsivas .
Muitos crimes violentos foram praticados em razão da dependência da cocaína. Abaixo consta foto de apreensão de cocaína e de crack.
BIBLIOGRAFIA:
Livreto Informativo sobre Drogas. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID e Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, 2004.
MARLATT, Beatriz Carlini. Drogas: Cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes. Série Por dentro do assunto. Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD, Brasília-DF, 2004.
TIBA, Içami. Juventude & drogas: anjos caídos. São Paulo: Integrare, 2007.

HIGOR VINICIUS NOGUEIRA JORGE é Delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário e especialista em polícia comunitária. http://www.higorjorge.com.br/

Informações bibliográficas:
JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Cocaína. Higor Jorge, Santa Fé do Sul, [data]. Disponível em: . Acesso em: [data].

Grupo de auto-ajuda para dependentes químicos e familiares em Santa Fé do Sul-SP


Toda quinta-feira, a partir das 20:00, o Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul (COMAD) em parceria com a Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Cidadania, Associação Anti-Alcoólica (AAA) e curso de enfermagem da FUNEC tem realizado encontros de auto-ajuda com ex dependentes químicos e seus familiares na sede da Associação Anti-Alcoólica.
O presidente do COMAD e delegado de polícia Higor Vinicius Nogueira Jorge disse que considera muito importante a reunião dos grupos de auto-ajuda, pois é uma forma de todos os participantes compartilharem suas experiências, sofrimentos, frustrações, dificuldades, medos e acima de tudo, a esperança de uma vida mais feliz longe das drogas.
A vice-presidente do COMAD e Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Cidadania Elena Rosa Vidoti informou apesar dos poucos meses que o grupo foi criado, tem sido muito importante para todos os participantes, tendo em vista que tem proporcionado mais uma fonte de apoio para os ex dependentes e seus familiares.
No dia 06 de outubro a psicóloga Flávia Rolim Martins proferiu uma palestra sobre álcool e crack para os integrantes do grupo e visitantes da Associação Anti-Alcoólica de Jales. Em seguida os integrantes passaram a discutir o problema e trocaram experiências pessoais.
Mais informações sobre o grupo de auto-ajuda podem ser obtidas no telefone (17) 3631-5515.

Extraído do Blog: http://comadsantafe.blogspot.com/